Tecnologia e Espiritualidade

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014



UM BRANCO NA ALDEIA XERENTE            

Não era para menos. Os perigos  imprevisíveis da selva são inúmeros. Devemos ficar sempre atentos e vigilantes. 
Depois de instalados procuramos habituar com a situação do local. Deveríamos iniciar com a busca das soluções dos problemas imediatamente, antes que findasse o dia. Para ficarmos mais tranquilos e assim aproveitássemos mais este retiro de isolamento. Mas não demorou muito, apareceu um grupo para auxiliarmos na caminhada da jornada.  
- Está pronto pra seguirmos na trilha antes que o sol fique muito quente? - perguntou o guia depois de ter-me cumprimentado.
O sol escaldante ficava cada vez mais insuportável a medida  que o sol ficava mais a pino, aí nem tomando litros e mais litros d’água conseguia sanar a sede. Outro agravante eram as peçonhentas cascavéis. Ficavam próximo as trilhas onde o sol esquentava com mais intensidade. Enroscadas com o chocalho   em pé fazendo um barulho característico para atrair as presas.Além desses bichos inoportunos tinha um outro menos perigoso, mas de extremo incomodo, querendo entrar nos orifícios das pálpebras, dentro das narinas e ouvidos. São pequenos mosquitinhos, que eu conheci com o nome de”mutingas” lá no sul. Os índios dizem que servem para não deixar o caboclo preguiçoso parado. Concordo plenamente. Não me deixavam nem um minuto. Já estava ficando com o cacoete de ficar abanando com o intento de espantá-los, pois eram muitos e tinham trajetos rasantes diferenciados. Eram como os kamikazes e acabavam colidindo principalmente dentro dos cantos internos dos olhos. Já andava com um espelhinho no bolso para poder retirá-los.
Assim sendo fomos ir até o local onde estavam as bombas que mandavam água para as aldeias indígenas. Estava conosco um técnico especializado em hidráulica e elétrica que sempre permanecia em silêncio que eu não sabia se era por timidez ou de assustado da companhia dos indígenas. Para mim eu não me importava. Tudo bem. Eu como eu nunca tinha visto um antes pareciam que eram como os caiçaras ou colonos da serra que mal sabiam falar português. Viviam no meio das roças e falavam um dialeto misturado de italiano, português sei lá o quê. Xingavam mais do que conversavam. Pelo menos estes eram mais educados e tímidos. Conversavam entre eles no idioma xerente(akuem) e riam baixinho escondendo o riso com as mãos. Achavam engraçado o nosso comportamento.
Uma vez fui citar o nome de uma menina indígena na língua deles e riram muito. Eu não podia falar o nome de mulher com a terminação “di”. Tipo o nome da menina que era “Sequadi”. Só as mulheres falavam assim. Devem ter tirado sarro de mim chamando eu de “mulherzinha” na língua deles. Ah! Ah! Ah!




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