UM BRANCO NA ALDEIA XERENTE
Não era para menos. Os perigos imprevisíveis da selva são inúmeros. Devemos ficar sempre atentos e
vigilantes.
Depois de instalados procuramos habituar com a situação do local. Deveríamos
iniciar com a busca das soluções dos problemas imediatamente, antes que findasse o
dia. Para ficarmos mais tranquilos e assim aproveitássemos mais este retiro de
isolamento. Mas não demorou muito, apareceu um grupo para auxiliarmos na
caminhada da jornada.
- Está pronto pra seguirmos
na trilha antes que o sol fique muito quente? - perguntou o guia depois de ter-me
cumprimentado.
O sol escaldante ficava cada
vez mais insuportável a medida que o sol
ficava mais a pino, aí nem tomando litros e mais litros d’água conseguia sanar
a sede. Outro agravante eram as peçonhentas cascavéis. Ficavam próximo as
trilhas onde o sol esquentava com mais intensidade. Enroscadas com o chocalho em pé
fazendo um barulho característico para atrair as presas.Além desses bichos
inoportunos tinha um outro menos perigoso, mas de extremo incomodo, querendo
entrar nos orifícios das pálpebras, dentro das narinas e ouvidos. São pequenos
mosquitinhos, que eu conheci com o nome de”mutingas” lá no sul. Os índios dizem
que servem para não deixar o caboclo preguiçoso parado. Concordo plenamente.
Não me deixavam nem um minuto. Já estava ficando com o cacoete de ficar
abanando com o intento de espantá-los, pois eram muitos e tinham trajetos
rasantes diferenciados. Eram como os kamikazes e acabavam colidindo
principalmente dentro dos cantos internos dos olhos. Já andava com um
espelhinho no bolso para poder retirá-los.
Assim sendo fomos ir até o
local onde estavam as bombas que mandavam água para as aldeias indígenas.
Estava conosco um técnico especializado em hidráulica e elétrica que sempre
permanecia em silêncio que eu não sabia se era por timidez ou de assustado da
companhia dos indígenas. Para mim eu não me importava. Tudo bem. Eu como eu
nunca tinha visto um antes pareciam que eram como os caiçaras ou colonos da
serra que mal sabiam falar português. Viviam no meio das roças e falavam um
dialeto misturado de italiano, português sei lá o quê. Xingavam mais do que
conversavam. Pelo menos estes eram mais educados e tímidos. Conversavam entre
eles no idioma xerente(akuem) e riam baixinho escondendo o riso com as mãos. Achavam
engraçado o nosso comportamento.
Uma vez fui citar o nome de
uma menina indígena na língua deles e riram muito. Eu não podia falar o nome de
mulher com a terminação “di”. Tipo o nome da menina que era “Sequadi”. Só as
mulheres falavam assim. Devem ter tirado sarro de mim chamando eu de “mulherzinha”
na língua deles. Ah! Ah! Ah!
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