Tecnologia e Espiritualidade: fevereiro 2014

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014




A ESTRUTURAÇÃO QUÍMICA ATÔMICA HUMANA 

          Faz apenas nove décadas que o cientista, pai da física nuclear, Ernest Rutheford, através de seu auxiliares, desenvolveram pesquisas onde pudessem comprovar cientificamente em laboratório do modelo atômico dos elementos, que até hoje pouco se atualizou. Para compreender determinados feno
ômenos químicos e físicos, chegaram ao consenso da atual configuração eletrônica dos átomos, onde haveria um enorme vazio entre a núvem de elétrons em movimentos, em torno de um minúsculo núcleo formado por partículas conhecidas como prótons e neutrons. 
        Na tabela periódica, são classificados quase todos os elementos químicos que compõe a matéria em nosso planeta e também outros elementos químicos artificiais, fabricados pelo homem durante a era nuclear.
        Sem aprofundar em fundamentos químicos, vamos analisar o primeiro elemento da tabela, composto apenas por um elétron circulando elipticamente em volta do diminuto núcleo, de número atômico nº um, conhecido como hidrogênio. É o átomo mais simples que encontramos e se encontra até mesmo isolado fora da órbita do nosso planeta, no espaço. Este átomo é o menor de todos  e tem a propriedade de atravessar os materiais sólidos, como o aço por exemplo, que quando combinado com um outro átomo do mesmo elemento, forma o gás hidrogênio. Essa ligação depende da pressão e temperatura, tais como o que acontece durante uma soldagem. Quando em forma de molécula de  gás hidrogênio, aumenta  de tamanho e desenvolve uma reação suficiente para provocar uma ruptura na estrutura cristalina, formando uma bolsa dentro do material do aço. Na solda, durante o resfriamento, ele é o responsável pela trinca conhecida terminologicamente por "fissura à frio".
        O ponto mais importante para reflexão agora  é que a matéria é um imenso vazio e sua aparente solidez são devido aos campos  formados pelas forças dos vários elementos que compõem a matéria. Essa força impede nossa transposição física da matéria, onde da expressão da física, que dois corpos não ocupam um mesmo lugar. Da lei de Newton onde diz," Forças de Contato Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Surgem forças contrárias ao contato ou interpenetração entre os corpos";
       Agora observe o que foi dito com relação aos movimentos da matéria na experiência dos trabalhos de Allan Kardec, nosivros dos médiuns no século XIX, bem antes das formulações do modelo atômico na década de 10 :
Movimentos de Suspensão RuídosAumento e Diminuição de Peso dos Corpos
            72. Demonstrada a existência dos Espíritos, pelo raciocínio e pelos fatos, e a possibilidade de agirem sobre a matéria, devemos agora saber como se efetua essa operação e como eles agem para mover as mesas e outros corpos inertes.
            O pensamento que naturalmente nos ocorre é aquele que tivemos. Como os Espíritos o contestaram e nos deram uma explicação inteiramente diversa, que não podíamos esperar, é evidente que sua teoria não provinha de nós. Ora, a idéia que tivemos, todos a podiam ter, como nós. Quanto à teoria dos Espíritos , não acreditamos que pudesse jamais ocorrer a alguém. Facilmente se reconhecerá quanto é superior a nossa, embora mais simples, porque oferece a solução de numerosos outros fatos que não tinham uma explicação satisfatória.
            73. O conhecimento da natureza dos Espíritos, de sua forma humana, das propriedades semimateriais do perispírito, da ação mecânica que podem exercer sobre a matéria, e o fato de nas aparições as mãos fluídicas e até mesmo tangíveis pegarem objetos e os carregarem, naturalmente nos faziam crer que o Espírito se servisse das mãos para girar a mesa e que a erguesse pelos braços. Mas, nesse caso, qual a necessidade de médiuns? O Espírito não poderia agir sozinho? Porque o médium que freqüentemente pousa as mãos na mesa em sentido contrário ao do movimento, ou mesmo nem chega a pousá-las, não pode evidentemente ajudar o Espírito por ação muscular. Ouçamos primeiro os Espíritos que interrogamos a respeito.
            74. As respostas seguintes nos foram dadas pelo Espírito São Luís e depois confirmadas por muitos outros.
            1.      O fluido universal é uma emanação da Divindade?
—  Não.
2.      É uma criação da Divindade?
—  Tudo foi criado, exceto Deus.
3.      O fluido universal é o próprio elemento universal?
— Sim, é o princípio elementar de todas as coisas.
           4.      Tem alguma relação com o fluido elétrico, cujos efeitos conhecemos?
—  É o seu elemento.
5.      Como o fluido universal se nos apresenta na sua maior simplicidade?
— Para encontrá-lo na simplicidade absoluta seria preciso remontar aos Espíritos puros. No vosso mundo ele esta sempre mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que vos rodeia. Podeis dizer, entretanto, que ele mais se aproxima dessa simplicidade no fluido que chamais fluido magnético animal.
6.      Afirmou-se que o fluido universal é a fonte da vida; seria ao mesmo tempo a fonte da inteligência?
— Não; esse fluido só anima a matéria.
7.      Sendo esse fluido que forma o perispírito, parece encontrar-se nele numa espécie de condensação que de certa maneira o aproxima da matéria propriamente dita?
— De certa maneira, dizeis bem, porque ele não possui todas as propriedades da matéria e a sua condensação é maior ou menor segundo a natureza dos mundos.
8.      Como um Espírito pode mover um corpo sólido?
— Combinando uma porção de fluido universal com o fluido que desprende do médium apropriado a esses efeitos.
9.      Os Espíritos erguem a mesa com a ajuda dos braços, de alguma maneira solidificada?
— Esta resposta não te dará ainda o que desejas. Quando uma mesa se move é porque o Espírito evocado tirou do fluido universal o que anima essa mesa de uma vida factícia. Assim preparada, o Espírito a atrai e a movimenta, sob a influência do seu próprio fluido, emitido pela sua vontade. Quando a massa que deseja mover é muito pesada para ele, pede a ajuda de outros Espíritos da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito não pode agir sobre a matéria grosseira sem intermediário, ou seja, sem o liame que o liga à matéria. Esse liame, que chamas perispírito, oferece a chave de todos os fenômenos espíritas materiais. Creio me haver explicado com bastante clareza para fazer-me compreender.
Nota de Kardec: Chamamos a atenção para a primeira frase: “Esta resposta não te dará ainda o que desejas” . O Espírito compreendera perfeitamente que todas as questões anteriores só tinham por fim chegar a essa. E se refere ao nosso pensamento, que esperava, com efeito, outra resposta, que confirmasse a nossa idéia sobre a maneira por que o Espírito movimenta as mesas.

10.  Os Espíritos que ele chama para ajudá-lo são inferiores a ele? Estão sob as suas ordens?
— Quase sempre são seus iguais e acodem espontaneamente.
11.  Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos?
— Os Espíritos que produzem esses efeitos são sempre inferiores, ainda não suficientemente livres das influencias materiais.
12.  Compreendemos que os Espíritos superiores não se ocupem dessas coisas, mas perguntamos se, sendo mais desmaterializados., teriam o poder de fazê-lo, se o quisessem?
— Eles possuem a força moral, como os outros possuem a força física. Quando necessitam desta última, servem-se dos que a possuem. Já não dissemos que eles se servem dos Espíritos inferiores como vós dos carregadores?
Nota de Kardec: – A densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de acordo com a natureza dos mundos, como já foi ensinado. (O Livro dos Espíritos, nº 94 e 187). Parece variar também no mesmo mundo, segundo os indivíduos. Nos Espíritos moralmente adiantados ele é mais sutil e se aproxima do perispírito das entidades elevadas; nos Espíritos inferiores aproxima-se da matéria e é isso que determina a persistência das ilusões da vida terrena nas entidades de baixa categoria, que pensam e agem como se ainda estivessem na vida física, tendo os mesmos desejos e quase poderíamos dizer a mesma sensualidade. Essa densidade maior do perispírito, estabelecendo maior afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos para as manifestações físicas. È por essa razão que um homem refinado, habituado aos trabalhos intelectuais, de corpo frágil e delicado, não pode.erguer pesados fardos como um carregador. A matéria de seu corpo é de alguma maneira menos compacta, os órgãos são menos resistentes, o fluido nervoso menos intenso. O perispírito é para o Espírito o que o corpo é para o homem. Sua densidade esta na razão da inferioridade do espírito. Essa densidade, portanto, substitui nele a força muscular, dando-lhe maior poder sobre os fluidos necessários às manifestações do que o possuem os de natureza mais etérea. Se um Espírito elevado quer produzir esses efeitos, faz o que fazem entre nós os homens refinados: incumbe disso um Espírito carregador
.
13.  Se bem compreendemos o que disseste, o princípio vital provém do fluido universal. O Espírito tira desse fluido o envoltório semi material do seu perispírito, e é por meio desse fluido que ele age sobre a matéria inerte. É isso?
— Sim, quer dizer que ele anima a matéria de uma vida factícia, artificial: a matéria se impregna de vida animal. A mesa que se move sob as vossas mãos vive como um animal e obedece por si mesma ao ser inteligente. Não é o Espírito que a empurra como se fosse um fardo. Quando ela se eleva, não é o Espírito que a ergue com os braços; é a mesa animada que obedece à impulsão dada pelo Espírito.
14.  Qual o papel do médium nesse fenômeno?
— Eu já disse que o fluido próprio do médium se combina com o fluido universal do Espírito. É necessária a união de ambos, do fluido animalizado e do fluido universal, para dar a vida à mesa. Mas não se deve esquecer que essa vida é apenas momentânea, extinguindo-se com a mesma ação, e muitas vezes antes que a ação termine, quando a quantidade de fluido já não é mais suficiente para animar a mesa.

           15.  O Espírito pode agir sem o concurso do médium?
— Pode agir à revelia do médium. Isso quer dizer que muitas pessoas ajudam os Espíritos na realização de certos fenômenos, sem o saberem. O Espírito tira dessas pessoas, como de uma fonte, o fluido animal de que necessita. É dessa maneira que o concurso de um médium, como o entendes, nem sempre é necessário, o que acontece sobretudo nos fenômenos espontâneos.
16.  A mesa animada age com inteligência? Pensa?
 — É como o bastão com que fazes um sinal inteligente a alguém. Não pensa, mas a vitalidade de que esta animado lhe permite obedecer ao impulso de uma inteligência. É bom saber que a mesa em movimento não se torna Espírito e não tem pensamento nem vontade.
Nota de Kardec:  Servimo-nos freqüentemente de uma expressão semelhante na linguagem usual: de uma roda que gira com velocidade dizemos que está animada de um movimento rápido.

17.  Qual a causa preponderante na produção deste fenômeno: o Espírito ou o fluido?
— O Espírito é a causa e o fluido é o seu instrumento: ambos são necessários.
         18. Qual o papel da vontade do médium?
— Chamar os Espíritos e ajudá-los a impulsionar os fluidos.
18a.  É indispensável à vontade do médium?
— Ela aumenta a potência, mas nem sempre é necessária, desde que pode haver o movimento, malgrado ou contra a vontade do médium, o que é uma prova da existência de uma causa independente.
Observação – Nem sempre é necessário o contato das mãos para mover um objeto. Ele basta, quase sempre, para dar o primeiro impulso. Iniciado o movimento, o objeto pode obedecer à vontade sem contato material. Isto depende da potencia mediúnica ou da natureza dos Espíritos. Aliás, o primeiro contato nem sempre é necessário: temos a prova disso nos movimentos e deslocamentos espontâneos, que ninguém pensou em provocar.

          19. Por que motivos não podem todos produzir o mesmo efeito e todos os médiuns não tem a mesma potencia?
— Isso depende do organismo e da maior ou menor facilidade na combinação dos fluidos, e ainda da maior ou menor simpatia do médium com os Espíritos que nele encontram a  potencia fluídica necessária. Esta potencia, como a dos magnetizadores, é maior ou menor. Encontramos, nesse caso, pessoas inteiramente refratárias, outras em que a combinação só se verifica pelo esforço da sua própria vontade, e outras, enfim, em que ela se dá tão natural e facilmente que nem a percebem, servindo de instrumentos sem o saberem, como já dissemos. (ver a seguir, o capítulo sobre as manifestações espontâneas)
Nota de Kardec – O magnetismo é, não há dúvida, o princípio desses fenômenos, mas não como geralmente se pensa. Temos a prova disso na existência de poderosos magnetizadores que não movimentam uma mesinha de centro, e de pessoas que não sabem magnetizar, até mesmo crianças, que bastam pousar os dedos numa mesa pesada para que ela se agite. Logo, se a potencia mediúnica não depende da magnética, é que tem outra causa.

          20.As pessoas ditas elétricas podem ser consideradas médiuns?
— Essas pessoas tiram de si mesmas o fluido necessário à produção dos fenômenos e podem agir sem auxilio dos Espíritos. Não são propriamente médiuns, no sentido exato da palavra. Mas pode ser também que um Espírito as assista e aproveite as suas disposições naturais.
Nota de Kardec – Essas pessoas seriam como os sonâmbulos, que podem agir com ou sem o auxilio dos Espíritos. (ver no capítulo XIV, Os Médiuns, a parte relativa aos sonâmbulos)

           21. Ao mover os corpos sólidos, os Espíritos penetram na substância dos mesmos ou permanecem fora dela?
— Fazem uma coisa e outra. Já dissemos que a matéria não é obstáculo para os Espíritos, que tudo penetram. Uma porção do seu perispírito se identifica, por assim dizer, com o objeto em que penetra?
            22. Como o Espírito bate? Com um objeto material?
            — Não, como não usa os braços para erguer a mesa. Sabes que ele não dispõe de martelos. Seu martelo é o fluido combinado que ele põe em ação, pela sua vontade, para mover ou bater. Quando move, a luz vos transmite a visão do movimento; quando bate, o ar vos transmite o som.
            23. Concebemos isso quando se trata de um corpo duro. Mas, como pode nos fazer ouvir ruídos ou sons através do ar?
            — Desde que age sobre a matéria, pode agir tanto sobre o ar como sobre a mesa. Quanto aos sons articulados, pode imitá-los como a todos os demais ruídos.
            24. Dizes que o espírito não usa as mãos para mover a mesa, mas em certas manifestações apareceram mãos a dedilharem teclados, movimentando as teclas e produzindo sons. Não pareceria, nesse caso, que as teclas eram movimentadas pelos dedos? E a pressão dos dedos não é também direta e real, quando a sentimos em nós mesmos, quando essas mãos deixam marcas na pele?
— Não poderias compreender a natureza dos Espíritos e sua maneira de agir por meio dessas comparações, que dão apenas uma idéia incompleta. É um erro querer sempre assemelhar às vossas, as maneiras deles procederem. Os processos dos Espíritos devem estar em relação com a sua organização. Já não dissemos que o fluido do perispírito penetra na matéria e se identifica com ela, dando-lhe uma vida factícia? Pois bem, quando o Espírito movimenta as teclas com os dedos ele o faz realmente. Mas não é pela força muscular que faz a pressão. Ele anima a tecla, como faz com a mesa, e a tecla obedece e vibra a corda. Neste caso também ocorre um fato de difícil compreensão para vós. É que certos Espíritos são ainda tão atrasados e de tal forma materiais, em comparação com os Espíritos elevados, que conservam as ilusões da vida terrena e julgam agir como quando estavam no corpo. Não percebem a verdadeira causa dos efeitos que produzem, como um pobre homem não compreende a teoria dos dons que pronuncia. Se perguntares como tocam o piano, dirão que com os dedos, pois assim creem fazer. Produzem o efeito de maneira instintiva, sem o saberem, e não obstante pela sua vontade. Quando falam e se fazem ouvir, é a mesma coisa.     
            Nota de Kardec: Compreende-se, assim, que os Espíritos podem fazer tudo quanto fazemos, mas pelos meios correspondentes ao seu organismo. Algumas forças que lhes são próprias substituem os nossos músculos, da mesma maneira que a mímica substitui, nos mudos, a palavra que lhes falta.

            25. Entre os fenômenos citados como provas da ação de uma potência oculta, há os que são evidentemente contrários a todas as leis conhecidas da Natureza. A dúvida, então, não parece justa?
            — Acontece que o homem está longe de conhecer todas as leis da Natureza: se as conhecesse, seria Espírito superior. Cada dia, entretanto, oferece um desmentido aos que tudo pensam saber pretendendo impor limites à Natureza, e nem por isso eles se mostram menos orgulhosos. Desvendando incessantemente novos mistérios, Deus adverte ao homem que deve desconfiar das suas próprias luzes, pois chegará um dia em que a ciência do mais sábios será confundida. Não vê todos os dias os exemplos de corpos dotados de movimento capazes de superar a força de gravitação? À bala de um canhão não supera momentaneamente essa força? “Pobres homens que vos considerais tão sábios, cuja tola vaidade é a todo instante confundida, sabei que sois ainda muito pequeninos”!

           Essas explicações são claras, categorias, sem ambigüidades. Delas ressalta o ponto capital de que os fluidos universais, que encerra o princípio da vida, é o agente principal das manifestações e que esse agente recebe seu impulso do Espírito, quer seja encarnado ou errante. O fluido condensado constitui o perispírito ou invólucro semi-material do Espírito 
          Na encarnação, o perispírito está ligado à matéria do corpo; na erraticidade está livre. Quando o Espírito está encarnado, a substância do perispírito está mais ou menos fundida com a matéria corpórea, mais ou menos colada a ela, se assim podemos dizer.

           O texto acima é apenas parte do trabalho científico formulado sobre os fenômenos extrafísicos da matéria, se assim podemos entender, pois em contrapartida, são estes considerados pelos espíritos como fenômenos existentes no mundo do universo e que é ainda para  nós  desconhecidos.
         Não conseguimos ainda lidar com nossos sentimentos mais primitivos,muito menos o com o que o universo maior possa nos ensinar.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014





O FAZENDEIRO E O ESPANTALHO


Num campo distante e isolado, um fazendeiro solitário , velho,rabugento, enraivecido com os animais silvestres da fazenda  não conseguia vencer de correr até sua plantação para espantar as aves e outros animais que estavam devorando parte de sua plantação. Alguns destes animais eram tão frequentes que ele o xingava com um nome que ele o batizara devido seus trejeitos engraçados.
 Então ele resolveu fazer um espantalho horroroso e colocou no centro das plantações bem no alto. Passou-se alguns dias o velho fazendeiro percebeu que todos os animais aos poucos estavam sumindo. Passou-se algumas semanas o fazendeiro acordou sobressalto e correu até onde estava o espantalho, coçou a cabeça sob o chapéu de palha.
- Diacho. Onde foram parar todo mundo?
Foi para a casa triste e não conseguiu nem comer de aflição. Estava acostumado a xingar os animais e mesmo sem perceber eles lhe faziam companhia. Então foi com o machado e arrancou o espantalho da plantação.
Ficou esperando para ver o primeiro animalzinho que chegasse e de felicidade saia com os braços abertos para saldar o visitante tão ansiosamente esperado. Mas cada bicho que chegava  fugia assustado com medo do fazendeiro.
Sem discernimento do que estava acontecendo, o velho fazendeiro ficou apreensivo aguardando chegar o próximo animalzinho visitante, que não demorou muito. Saiu de novo de abraços abertos de saudades e felicidades e com isso assustando-os  novamente. E foi repetindo dias, semanas e mês e todos os animais fugiam da fazenda com medo do novo espantalho, o velho fazendeiro. Ficou sem compreender, muito desolado e triste. 

Precisamos compreender que devemos nos preocupar com os outros no sentido de não sermos evasivos e egocêntricos. Cada um tem liberdade de expor suas ideias e experimentá-las na prática. Desde que coerente, por isso a necessidade de uma supervisão para análise de causa, expondo o projeto e apurando todos os  mecanismos que compõem o conjunto. Ocasionalmente precisamos antes de argumentar uma iniciativa, procurar verificar a viabilidade em todos os parâmetros. O trabalho em grupo exige otimismo sem exacerbação, competência sem pretenciosismo ou egocentrismo, respeito mútuo e atribuição de delegação conforme especialidade individual. Pesquisar é fundamental e o debate é fundamental para exercitar o poder criativo e cognitivo.
O desespero, fugacidade, ansiosidade, impaciência, pessimismo, orgulho, o exagero das perspectivas, não ajudam no alcance da eficiência e consequentemente do sucesso em nada na vida. Nem nos empreendimentos e nem com o relacionamento com as pessoas.

Precisamos às vezes baixar os braços para não sermos confundido com espantalhos.  

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014



OS ANIMAIS NA VISÃO ESPÍRITA

Extraído do Portal do Espírito Grupo Espírita Bezerra de Menezes

          Os animais possuem um princípio inteligente, diferente daquele que anima o homem. Mas não pensam, nem possuem o livre arbítrio, apenas instinto. Quando desencarnam, o princípio espiritual que o animou é reaproveitado em outro animal que vai nascer, quase que imediatamente, não existindo, portanto, animais no mundo espiritual, como comumente se lê em obras psicografadas.
          Tudo se encadeia na natureza e Deus não seria injusto impondo uma condição de inferioridade a determinadas formas espirituais. Os Espíritos superiores ensinam que a Criação se fundamenta em três princípios: Deus, Espírito e Matéria. A matéria é o meio onde o Espírito encontra condições para atingir a perfeição através das muitas encarnações. Todos os seres vivos são constituídos por um princípio espiritual que os animam. Este princípio espiritual um dia será um ser inteligente, dotado de vida moral e destinado a atingir o estado de angelitude.
          Quanto à matéria propriamente dita, ela também está sujeita ao processo de evolução conforme nos ensina a ciência terrena. Basta ver a situação física do planeta hoje e compará-lo ao que era há milhões de anos atrás. Mas é preciso considerar que o elemento material é apenas o instrumento de progresso do Espírito. Não se pode confundir nenhum desses princípios que são absolutamente distintos. no Livro dos Médiuns, pergunta 283, sobre Evocações de animais, onde o Espírito de Verdade afirma textualmente que "no mundo dos Espíritos não há Espíritos errantes de animais, mas somente Espíritos humanos".                             Questionado por Allan Kardec sobre o fato de certas pessoas terem evocado animais e recebido respostas, ele responde: "Evoque um rochedo e ele responderá. Há sempre uma multidão de Espíritos prontos a falar sobre tudo." Ainda encontrará precioso ensinamento sobre o assunto também no Livro dos Médiuns, questão 236, onde Erasto discorre sobre a suposta mediunidade dos animais e nos dá a clareza dos fatos. Busque também no Livro dos Espíritos, questão 600, onde os Espíritos Superiores deixam claro que o princípio que dá vida ao animal é utilizado quase que imediatamente para novas experiências na matéria, não sendo Espírito errante e não se pondo, obviamente, em relação com outras criaturas. Daí se conclui que as obras que divulgaram essas teorias estão em patente contradição com a Doutrina codificada por Allan Kardec.
          Jamais se afirmou que o animal não tem alma. Se têm um princípio inteligente tem algo mais que a matéria e isso é a alma ou o Espírito. O Espírito dos animais são reaproveitados geralmente na mesma espécie, pois a natureza não dá saltos. Só depois de muitas encarnações numa mesma espécie o Espírito que anima o animal muda para uma outra espécie. São focos de inteligência já individualizados, embora mantenham-se cativos de um Espírito grupo, caracterizado pela própria espécie no mundo invisível. Os instintos fazem parte da individualidade, portanto os animais são individualidades também. Em cada espécie ele assimila determinadas características do futuro ser pensante. Necessário entender, porém, que o Espírito não precisa passar por todas as espécies existentes, para chegar à condição de ser humano.
          Os animais possuem um princípio inteligente, portanto possuem Espírito, porém, numa fase evolutiva anterior à do homem. Quando ficam doentes, não sofrem no sentido em que normalmente se entende o sofrimento. No homem, o sofrimento funciona como um depurador de suas imperfeições, estimulando seu desenvolvimento moral. O animal não tem vida moral e por isso suas dores são apenas físicas. Claro, todas essas impressões positivas e negativas fazem parte das experiências que se acumulam para edificar o futuro ser pensante. Certamente não se está afirmando que o animal (a espécie física) de hoje será o homem de amanhã. Não. O Espírito que o anima, sim. Viaja nos caminhos da evolução em busca do reino dos seres que pensam.
          A psicografia de Chico Xavier é de grande credibilidade, mas não incontestável, pois ele não é perfeito. Não devemos acreditar cegamente no que os Espíritos dizem sem um exame racional. É isso o que nos ensina Allan Kardec. Isso, no entanto, não invalida sua obra nem de outros médiuns idôneos. A gente só precisa saber o que é certo, para aproveitar o que é útil. Como diz Paulo de Tarso: analisa tudo, retenha o que é bom.
         Os Espíritos que se aborrecem quando são questionados são de natureza atrasada, segundo o ensinamento do Espírito de Verdade. Se tivermos que rever algum ponto onde se tenha dado uma interpretação errônea das idéias da Codificação o faremos sem o menor constrangimento, desde que seja para o restabelecimento da verdade que emana dos ensinamentos dos Espíritos superiores.
          O sacrifício de animais é visto com naturalidade pela Doutrina Espírita, tendo em vista a natureza evolutiva do nosso planeta que abriga seres que ainda necessitam sacrificar animais para satisfazer suas necessidades básicas de nutrição, por exemplo. Tendo o sacrifício dos animais um fim útil, não sendo para satisfazer desejos insanos (como, por exemplo, as brigas de galo, os clubes de caça etc.), não pode se configurar em delito. Certamente que o julgamento da necessidade ou não do ato deve ser baseado nas leis vigentes estabelecidas, caso contrário o mundo entraria em colapso por desequilíbrio do ecossistema.
          A eutanásia nos animais não pode ser analisada da mesma forma como nos homens. O sacrifício de animais é visto com naturalidade pela Doutrina Espírita, tendo em vista a natureza evolutiva do nosso planeta que abriga seres que ainda necessitam sacrificar animais para satisfazer suas necessidades básicas de nutrição, por exemplo. Tendo o sacrifício dos animais um fim útil, não sendo para satisfazer desejos insanos (como, por exemplo, as brigas de galo, os clubes de caça etc.), não pode se configurar em delito. Certamente que o julgamento da necessidade ou não do ato deve ser baseado nas leis vigentes estabelecidas, caso contrário o mundo entraria em colapso por desequilíbrio do ecossistema. A eutanásia segue o mesmo raciocínio, pois o sacrifício geralmente é para livrar o animal de um grande sofrimento.
Quando ficam doentes, os animais não sofrem no sentido em que normalmente se entende o sofrimento. No homem, o sofrimento funciona como um depurador de suas imperfeições, estimulando seu desenvolvimento moral.
           O animal não tem vida moral e por isso suas dores são apenas físicas. Claro, todas essas impressões positivas e negativas fazem parte das experiências que se acumulam para edificar o futuro ser pensante. Portanto, o sacrifício dos animais em fase terminal de doença não constitui uma infração à lei. Mas se esse ato, trouxer dor e remorso para quem o faz ou o autoriza, melhor não praticar e esperar a morte
naturalmente.
          A vida dos animais não tem a mesma relevância que a vida dos homens. Eles não têm a compreensão das leis, portanto não estão sujeitos a ela com a mesma intensidade e responsabilidade dos homens. Quando morrem vão para os planos espirituais também, mas não para aprender, como fazem os homens, mas para uma breve parada, digamos assim, aguardando que seu princípio espiritual seja quase que imediatamente aproveitado em outros corpos de animais.
            O instinto de afeto que desenvolvem com seus donos é explicado pelo amor que recebem deles (dos donos) que faz com que neles se desenvolva um instinto, mas que não é um sentimento desenvolvido como nos homens. Basta ver que quando se separam de seus donos rapidamente esquecem seus "afetos" e se acostumam com outro. Se olharem novamente os antigos donos poderão ser estimulados neurologicamente e lembrar da antiga vida, mas isso nada tem a ver com laços verdadeiros de afeto existente entre os homens.
            As pessoas que se ligam exageradamente a animais geralmente tem grande dificuldade nas relações interpessoais. Os animais não se encontram na vida espiritual com seus donos, principalmente porque não se demoram por lá. O local onde estão é no plano espiritual mais próximo da Terra, nas colônias transitórias. Nos planos superiores da vida não se vê animais.
          Os animais se encontram numa fase primitiva da evolução. Possuem rudimentos da inteligência, mas não pensam. Como não possuem consciência de si mesmos, não estão sujeitos ao processo expiatório. A situação de abandono em que vivem alguns animais domésticos é reflexo da inferioridade moral das espécie humana. Dentre outras coisas, seria mais justo que o homem cuidasse melhor deles. Se observarmos os animais na natureza, longe dos lugares onde vivem os humanos, veremos que todos são tratados por Deus da mesma forma. Cada um deles vive a experiência orgânica de que necessita naquele estágio, tendo em vista caminharem para um grau mais elevado na hierarquia do Espírito. Recomendamos o estudo das questões 592 e 610 de O Livro dos Espíritos.

Questão 592 do Livro dos Espíritos/ Allan Kardec:

- Se comparamos o homem e os animais, em relação à inteligência, parece difícil estabelecer a linha de demarcação, porque certos animais têm, nesse terreno, notória superioridade sobre certos homens. Essa linha de demarcação pode ser estabelecida de maneira precisa?

Resposta: Sobre esse assunto os vossos filósofos não estão muito de acordo. Uns querem que o homem seja um animal, e outros que o animal seja um homem. Estão todos errados. O homem é um ser à parte, que desce às vezes muito abaixo ou que pode elevar- se muito alto. No físico, o homem é como os animais e menos bem provido que muitos dentre eles; a Natureza lhes deu tudo aquilo que o homem é obrigado a inventar com a sua inteligência, para prover às suas necessidades e à sua conservação. Seu corpo se destrói como o dos animais, isto é certo, mas o seu Espírito tem um destino que só ele pode compreender, porque só ele é completamente livre. Pobres homens, que vos rebaixais mais do que os brutos! Não sabeis distinguir- vos deles? Reconhecei o homem pelo pensamento de Deus.



Questão: 610. Ter-se-ão enganado os Espíritos que disseram constituir o homem um ser à parte na ordem da criação?


Resposta: “Não, mas a questão não fora desenvolvida. Demais, há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, com efeito, um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação do seres que podem conhecê-Lo.”

Nota Final:
          Em nossas vidas já tivemos companheiros animais que nossos pais traziam filhotes para brincarem conosco. Eram filhotes de cachorros vira-latas, gatinho, pintinhos, porquinhos-da-índia, e muitos outros filhotes, que depois cresceram e outros morreram ainda pequenos em acidentes domésticos. Os laços de carinho e cumplicidade de várias horas de diálogos e confidências, para ciúmes dos então esquecidos amigos imaginário, formaram-se entre os animaizinhos e as crianças. A inconformidade do sumiço do animalzinho amiguinho que segundo os pais, "fugiram com a namorada ou namorado" para encobrir e amenizar uma morte que certamente seria incompreendida pelo pequeno e fiel dono.
         Certa vez uma criança tratou de um pintinho com o papo exposto devido as brincadeiras desajeitadas de um cãozinho. Todos os dias ele limpou e passou mercúrio e o animalzinho cresceu saudável. Sua tia dizia que não conseguia nem olhar par o frango agora crescido e com o papo balançando para um lado e outro quando corria. Depois de um tempo o garoto se desinteressou pelo frango, só se importando quando deu por falta dele no galinheiro. Disseram que arrumou uma namorada e foi morar longe. Não precisa dizer quem era o frango caipira ensopado no almoço, né?
         Em outra ocasião,  nas vizinhanças de todas as casas que não foram invadidas por ladrões tinham cães de guarda em suas residências. Os cães cresciam e cruzavam com a mesma raça e depois eram vendidos para vários donos. As cadelas não mostravam tristeza em se separar dos pequenos. Mas os compradores mesmo adultos pareciam crianças abraçando os filhotes todos satisfeitos.
         Mas um acontecimento notável observado, numa fazenda em minas, uma junta de bois idosos, viviam seus jus dias em um pasto rico e água abundante, com direito de complementação na alimentação com milho, cana-de-açúcar e outras guloseimas, só por gratidão dos donos, devido à anos de laboriosos trabalhos na lida arando a roça e transportando a colheita.
          Sem esgotar uma ampla gama de experiência de casos, muitos anos atrás, em Minas quiseram apresentar-me uma criança da roça, um pouco aluada, tinha dificuldade de atenção e interação com as pessoas. Sua atenção só era conseguida com guloseimas, ou qualquer outra comida. Ele vinha meio que esquivando pelos cantos, até tomar da mão oferecida os quitutes. Os olhos com ramelas e o rosto sujo, seu físico parecia com a figura citada do folclore gaúcho "Negrinho do Pastoreio". Não aquietava um instante, e não pronunciava uma palavra. Acreditavam que era mudo de nascença.
          Porém, as pessoas se fascinavam com sua capacidade para lidar com qualquer tipo de animal, até insetos dos mais peçonhentos. Nada o atacava. Nem as abelhas, marimbondos, vespas, cães guardiães bravos, nada. Ele vinha animado em direção dos cães que iam de encontro rosnando e latindo, ele abria os braços e os cães mudavam seu comportamento instantaneamente. De agressivo para o de brincalhão e amigo. Retirava favos de mel em tocos velhos de árvores, sem cuidado algum. Brincava com formigueiros. Não temia em por a mão e não era agredido pelos insetos. Eu realmente jamais vi coisa semelhante e futuramente, pretendo retornar a experiência que outrora não dei ênfase, para uma pesquisa mais apurada.
         Diante de tantos relatos, só não citarei as barbaridades que também presenciei. Estes animaizinhos, qualquer que seja a espécie,  foram criados por Deus com o objetivo de interagir e ensinar-nos a compreender que nossas responsabilidades são bem maiores que imaginamos.

          Longe de esgotarmos estudos e argumentos referente ao proposto sobre os animais na visão espírita, na questão 236 sobre mediunidade de animais, no Livro dos Médiuns de Allan Kardec.
" A questão da mediunidade dos animais se acha completamente resolvida na dissertação seguinte, dada por um espírito, da qual se podem apreciar a profundidade e a sagacidade pelas citações que já tivemos ocasião de fazer. Para bem compreender o valor de sua demonstração, é essencial se reportar à explicação que deu do papel do médium nas comunicações e que reproduzimos anteriormente em outro estudo.
          Esta comunicação foi dada em seguida a uma discussão que teve lugar, a esse respeito, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
          " Abordo hoje a questão da mediunidade dos animais, levando a sustentada por um dos vossos mais fervorosos adeptos. Pretende ele, em virtude deste axiomas: quem pode o mais pode o menos, que nós podemos medianimizar os pássaros e os outros animais, e deles nos servimos em nossas comunicações co a espécie humana. É o que chamais em filosofia, ou antes em lógica, pura e simplesmente um sofisma. - Vós animais, disse ele, a matéria inerte, quer dizer, uma mesa, uma cadeira, um piano; a fortiori deveis animar animar a matéria já animada e notadamente os pássaros. - Pois bem, no estado normal do espiritismo, isto não se passa, isso não pode ser.
            Primeiro, ponderemos bem as coisas. O que é um médium? É o ser, indivíduo que serve de intermediário aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens, espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer espécie que seja.
            Há um princípio que, disso estou seguro, é admitido por todos os espíritas: o de que os semelhantes agem através dos semelhantes e como os seus semelhantes. Ora, quais são os semelhantes dos Espíritos, senão os Espíritos encarnados ou não? Seria preciso repetir isto sem cessar? Pois bem, eu o repetirei ainda: o vosso perispírito e o nosso são tirados do mesmo meio, são de natureza idêntica, são semelhantes, numa palavra. Possuem ambos uma capacidade de assimilação mais ou menos desenvolvidos, de imantações mais ou menos vigorosas, que permite a nós Espíritos e encarnados, pôr-nos muito pronta e facilmente em relação. Enfim, o que pertence especificamente aos médiuns à essência mesma de sua individualidade, é uma afinidade especial, e ao mesmo tempo uma força de expansão particular, que anulam neles toda possibilidade de rejeição, estabelecendo entre eles e nós uma espécie de corrente ou de fusão, que facilita as nossas comunicações. É, de resto, essa possibilidade de rejeição, própria da matéria, que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade na maioria dos que não são médiuns.
            Os homens estão sempre propensos a exagerar tudo. Uns, e não me refiro aqui aos materialistas, recusam uma alma aos animais, enquanto outros querem dar-lhes uma, por assim dizer, semelhante à nossa. Porque pretender assim confundir o perfectível com o imperfectível? Não, não, convencei-vos disso, — o fogo que anima os animais, o sopro que o faz agir, movimentar-se e falar na sua linguagem própria, não tem, quanto ao presente, nenhuma aptidão para se mesclar, se unir ou se confundir com o sopro divino, a alma etérea, o Espírito, numa palavra, que anima o ser essencialmente perfectível: o homem, esse Rei da criação. Ora, não é isso que faz a superioridade da espécie humana sobre as outras espécies terrenas, essa condição essencial de perfectibilidade? Pois bem: reconhecei então que não se pode assimilar ao homem, único perfectível em si mesmo e nas suas obras, qualquer indivíduo de outras espécies viventes da Terra.
            O cão,cuja inteligência é superior os animais e o tornou amigo e comensal do homem, será perfectível por si mesmo e por sua própria iniciativa? Ninguém ousaria sustentar isso, porque o cão não faz progredir o cão. E o mais amestrado entre eles é sempre ensinado pelo seu dono. Desde que o mundo é mundo que a lontra constrói a sua choça sobre as águas, sempre com as mesmas proporções e seguindo um sistema invariável. Os rouxinóis e as andorinhas jamais construíram seus ninhos de maneira diferente dos seus ancestrais. Um ninho de pardais de antes do dilúvio, como um ninho de pardais de hoje é sempre o mesmo, feito nas mesmas condições e pelo mesmo sistema de entrelaçamento de capins e pauzinhos recolhidos na primavera, na época dos amores. Às abelhas e as formigas, em suas pequenas repúblicas organizadas, jamais variaram os seus hábitos de coleta de provisões, a sua maneira de agir, os seus costumes e as suas produções. Por fim, a aranha tece sempre a sua teia da mesma maneira.
            De outro lado, se procurardes as cabanas de ramagens e as tendas das primeiras idades da Terra, encontrareis em seu lugar os castelos e os palácios da civilização moderna. Às vestes de peles selvagens sucederam os tecidos de ouro e seda. Enfim, a cada passo encontrareis a prova da marcha incessante da Humanidade em seu progresso.
            Desse progresso constante, invencível, irrecusável da espécie humana, e do estacionamento indefinido das outras espécies animadas, concluireis comigo que se existem princípios comuns a tudo o que vive  e se move na Terra: o sopro e a matéria, não é menos verdade que somente vós, Espíritos encarnados, estais submetidos a essa inevitável lei do progresso que vos impele fatalmente para frente e sempre para frente. Deus pôs os animais ao vosso lado como auxiliares para vos alimentares, para vos vestirem e vos ajudarem. Deu-lhes um pequeno grau de inteligência porque, para vos auxiliar, precisam compreender, e condicionou essa inteligência aos serviços que devem prestar. Mas, na sua sabedoria não quis que fossem submetidos à mesma lei do progresso. Tais como foram criados, assim ficaram e ficarão até a extinção de suas espécies.
            Costuma-se dizer: os Espíritos mediunizam e fazem mover-se a matéria inerte, as cadeiras, as mesas, os pianos. Fazem mover, sim, mas mediunizam, não! Porque, ainda uma vez: sem médium, nenhum desses fenômenos se produz. Que há de extraordinário em fazermos que se mova, com a ajuda de um ou de muitos médiuns, a matéria inerte, passiva, que justamente em razão de sua passividade, de sua inércia, está em condições de receber os movimentos e os impulsos que lhe desejamos dar? Para isso necessitamos de médiuns, é claro, mas não é necessário que o médium esteja presente ou consciente, porque podemos agir com os elementos que ele nos fornece, sem que ele o saiba e longe dele, sobretudo nos fenômenos de tangibilidade e de transportes. Nosso envoltório fluídico, mais imponderável e mais sutil que o mais sutil e imponderável de vossos gases, unindo-se, casando-se, combinando-se com o envoltório fluídico mais animalizado do médium, e cuja propriedade de expansão e de penetrabilidade escapa aos vossos sentidos grosseiros e é quase inexplicável para vós, permite-nos movimentar os móveis e até mesmo quebrá-los em aposentos vazios.
       Certamente os espíritos podem tornar-se visíveis e tangíveis para os animais, e muitas vezes o pavor súbito que os toma., e que vos parece sem motivo, é causado pela visão de um ou de muitos desses Espíritos, mal intencionados em relação aos indivíduos presentes ou aos seus donos. Muito freqüentemente se vêem cavalos que se recusam a avançar ou recuar, ou que se empinam diante de um obstáculo imaginário. Pois bem! Podeis estar certos de que o obstáculo imaginário é quase sempre um Espírito ou um grupo de Espíritos que se comprazem em detê-los. Lembrai-vos da mula de Balaão, que, vendo um anjo pela frente e temendo sua espada flamejando, não queria avançar. É que antes de se manifestar visivelmente a Balaão, o anjo quis torna-se visível apenas para o animal. Mas, quero repeti-lo: não mediunizamos diretamente nem os animais nem a matéria inerte. Precisamos sempre do concurso consciente ou inconsciente de um médium humano, porque necessitamos da união dos fluidos similares, que não encontramos nos animais nem na matéria bruta.
            O Sr. T., dizem, magnetizou o seu cão. A que resultado chegou? Matou-o. Porque esse infeliz animal morreu depois de haver caído numa espécie de atonia, de langor, conseqüência de sua magnetização. Com efeito, infiltrando-lhe um fluido haurido numa essência superior à essência especial da sua natureza, ele o esmagou, agindo sobre ele, embora mais lentamente, à semelhança do raio. Assim, não havendo nenhuma possibilidade de assimilação entre o nosso perispírito e o envoltório fluídico dos animais propriamente ditos, nós os esmagaríamos imediatamente ao mediunizá-los.

            Isso estabelecido, reconhece perfeitamente a existência de aptidões diversas entre os animais; que certos sentimentos, certas paixões idênticas a paixões e sentimentos humanos se desenvolvem neles; que são sensíveis e reconhecidos, vingativos e rancorosos, segundo o tratamento bom ou mau que lhes dispensarmos. É que Deus, nada fazendo incompleto, deu aos animais, companheiros e servidores do homem, as qualidades de sociabilidade que faltam inteiramente nos animais selvagens que habitam as solidões. Mas daí a poderem servir de intermediários para a transmissão do pensamento dos Espíritos vai um abismo: a diferença das naturezas.
            Sabeis que tiramos do cérebro do médium os elementos necessários para dar ao nosso pensamento a forma sensível e apreensível para vós. E com o auxílio dos seus próprios materiais que o médium traduz o nosso pensamento em linguagem vulgar. Pois bem: que elementos encontraríamos no cérebro de um animal? Haveria ali palavras, letras, alguns sinais semelhantes aos que encontramos no homem, mesmo o mais ignorante? Não obstante, direis, os animais compreendem o pensamento do homem, chegam mesmo a adivinhá-lo. Sim, os animais amestrados compreendem certos pensamentos, mas acaso  já os vistes reproduzi-los? Não. Concluí, pois, que os animais não podem servir-nos de intérpretes.
            Para resumir: os fenômenos mediúnicos não podem produzir-se sem o concurso consciente ou inconsciente dos médiuns, e é somente entre os encarnados, Espírito como nós, que encontramos o que podem servir-nos de médiuns: Quanto a ensinar cães, pássaros e outros animais, para fazerem estes ou aqueles serviços, é problema vosso e não nosso – ERASTO

            Nota de Kardec: Na Revista Espírita de setembro de 1861 encontra-se a explicação minuciosa de um processo empregado pelos amestradores de pássaros sábios, para fazê-los tirar de um maço as cartas que se quiserem. (N. de Kardec) "