Tecnologia e Espiritualidade

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014



OS ANIMAIS NA VISÃO ESPÍRITA

Extraído do Portal do Espírito Grupo Espírita Bezerra de Menezes

          Os animais possuem um princípio inteligente, diferente daquele que anima o homem. Mas não pensam, nem possuem o livre arbítrio, apenas instinto. Quando desencarnam, o princípio espiritual que o animou é reaproveitado em outro animal que vai nascer, quase que imediatamente, não existindo, portanto, animais no mundo espiritual, como comumente se lê em obras psicografadas.
          Tudo se encadeia na natureza e Deus não seria injusto impondo uma condição de inferioridade a determinadas formas espirituais. Os Espíritos superiores ensinam que a Criação se fundamenta em três princípios: Deus, Espírito e Matéria. A matéria é o meio onde o Espírito encontra condições para atingir a perfeição através das muitas encarnações. Todos os seres vivos são constituídos por um princípio espiritual que os animam. Este princípio espiritual um dia será um ser inteligente, dotado de vida moral e destinado a atingir o estado de angelitude.
          Quanto à matéria propriamente dita, ela também está sujeita ao processo de evolução conforme nos ensina a ciência terrena. Basta ver a situação física do planeta hoje e compará-lo ao que era há milhões de anos atrás. Mas é preciso considerar que o elemento material é apenas o instrumento de progresso do Espírito. Não se pode confundir nenhum desses princípios que são absolutamente distintos. no Livro dos Médiuns, pergunta 283, sobre Evocações de animais, onde o Espírito de Verdade afirma textualmente que "no mundo dos Espíritos não há Espíritos errantes de animais, mas somente Espíritos humanos".                             Questionado por Allan Kardec sobre o fato de certas pessoas terem evocado animais e recebido respostas, ele responde: "Evoque um rochedo e ele responderá. Há sempre uma multidão de Espíritos prontos a falar sobre tudo." Ainda encontrará precioso ensinamento sobre o assunto também no Livro dos Médiuns, questão 236, onde Erasto discorre sobre a suposta mediunidade dos animais e nos dá a clareza dos fatos. Busque também no Livro dos Espíritos, questão 600, onde os Espíritos Superiores deixam claro que o princípio que dá vida ao animal é utilizado quase que imediatamente para novas experiências na matéria, não sendo Espírito errante e não se pondo, obviamente, em relação com outras criaturas. Daí se conclui que as obras que divulgaram essas teorias estão em patente contradição com a Doutrina codificada por Allan Kardec.
          Jamais se afirmou que o animal não tem alma. Se têm um princípio inteligente tem algo mais que a matéria e isso é a alma ou o Espírito. O Espírito dos animais são reaproveitados geralmente na mesma espécie, pois a natureza não dá saltos. Só depois de muitas encarnações numa mesma espécie o Espírito que anima o animal muda para uma outra espécie. São focos de inteligência já individualizados, embora mantenham-se cativos de um Espírito grupo, caracterizado pela própria espécie no mundo invisível. Os instintos fazem parte da individualidade, portanto os animais são individualidades também. Em cada espécie ele assimila determinadas características do futuro ser pensante. Necessário entender, porém, que o Espírito não precisa passar por todas as espécies existentes, para chegar à condição de ser humano.
          Os animais possuem um princípio inteligente, portanto possuem Espírito, porém, numa fase evolutiva anterior à do homem. Quando ficam doentes, não sofrem no sentido em que normalmente se entende o sofrimento. No homem, o sofrimento funciona como um depurador de suas imperfeições, estimulando seu desenvolvimento moral. O animal não tem vida moral e por isso suas dores são apenas físicas. Claro, todas essas impressões positivas e negativas fazem parte das experiências que se acumulam para edificar o futuro ser pensante. Certamente não se está afirmando que o animal (a espécie física) de hoje será o homem de amanhã. Não. O Espírito que o anima, sim. Viaja nos caminhos da evolução em busca do reino dos seres que pensam.
          A psicografia de Chico Xavier é de grande credibilidade, mas não incontestável, pois ele não é perfeito. Não devemos acreditar cegamente no que os Espíritos dizem sem um exame racional. É isso o que nos ensina Allan Kardec. Isso, no entanto, não invalida sua obra nem de outros médiuns idôneos. A gente só precisa saber o que é certo, para aproveitar o que é útil. Como diz Paulo de Tarso: analisa tudo, retenha o que é bom.
         Os Espíritos que se aborrecem quando são questionados são de natureza atrasada, segundo o ensinamento do Espírito de Verdade. Se tivermos que rever algum ponto onde se tenha dado uma interpretação errônea das idéias da Codificação o faremos sem o menor constrangimento, desde que seja para o restabelecimento da verdade que emana dos ensinamentos dos Espíritos superiores.
          O sacrifício de animais é visto com naturalidade pela Doutrina Espírita, tendo em vista a natureza evolutiva do nosso planeta que abriga seres que ainda necessitam sacrificar animais para satisfazer suas necessidades básicas de nutrição, por exemplo. Tendo o sacrifício dos animais um fim útil, não sendo para satisfazer desejos insanos (como, por exemplo, as brigas de galo, os clubes de caça etc.), não pode se configurar em delito. Certamente que o julgamento da necessidade ou não do ato deve ser baseado nas leis vigentes estabelecidas, caso contrário o mundo entraria em colapso por desequilíbrio do ecossistema.
          A eutanásia nos animais não pode ser analisada da mesma forma como nos homens. O sacrifício de animais é visto com naturalidade pela Doutrina Espírita, tendo em vista a natureza evolutiva do nosso planeta que abriga seres que ainda necessitam sacrificar animais para satisfazer suas necessidades básicas de nutrição, por exemplo. Tendo o sacrifício dos animais um fim útil, não sendo para satisfazer desejos insanos (como, por exemplo, as brigas de galo, os clubes de caça etc.), não pode se configurar em delito. Certamente que o julgamento da necessidade ou não do ato deve ser baseado nas leis vigentes estabelecidas, caso contrário o mundo entraria em colapso por desequilíbrio do ecossistema. A eutanásia segue o mesmo raciocínio, pois o sacrifício geralmente é para livrar o animal de um grande sofrimento.
Quando ficam doentes, os animais não sofrem no sentido em que normalmente se entende o sofrimento. No homem, o sofrimento funciona como um depurador de suas imperfeições, estimulando seu desenvolvimento moral.
           O animal não tem vida moral e por isso suas dores são apenas físicas. Claro, todas essas impressões positivas e negativas fazem parte das experiências que se acumulam para edificar o futuro ser pensante. Portanto, o sacrifício dos animais em fase terminal de doença não constitui uma infração à lei. Mas se esse ato, trouxer dor e remorso para quem o faz ou o autoriza, melhor não praticar e esperar a morte
naturalmente.
          A vida dos animais não tem a mesma relevância que a vida dos homens. Eles não têm a compreensão das leis, portanto não estão sujeitos a ela com a mesma intensidade e responsabilidade dos homens. Quando morrem vão para os planos espirituais também, mas não para aprender, como fazem os homens, mas para uma breve parada, digamos assim, aguardando que seu princípio espiritual seja quase que imediatamente aproveitado em outros corpos de animais.
            O instinto de afeto que desenvolvem com seus donos é explicado pelo amor que recebem deles (dos donos) que faz com que neles se desenvolva um instinto, mas que não é um sentimento desenvolvido como nos homens. Basta ver que quando se separam de seus donos rapidamente esquecem seus "afetos" e se acostumam com outro. Se olharem novamente os antigos donos poderão ser estimulados neurologicamente e lembrar da antiga vida, mas isso nada tem a ver com laços verdadeiros de afeto existente entre os homens.
            As pessoas que se ligam exageradamente a animais geralmente tem grande dificuldade nas relações interpessoais. Os animais não se encontram na vida espiritual com seus donos, principalmente porque não se demoram por lá. O local onde estão é no plano espiritual mais próximo da Terra, nas colônias transitórias. Nos planos superiores da vida não se vê animais.
          Os animais se encontram numa fase primitiva da evolução. Possuem rudimentos da inteligência, mas não pensam. Como não possuem consciência de si mesmos, não estão sujeitos ao processo expiatório. A situação de abandono em que vivem alguns animais domésticos é reflexo da inferioridade moral das espécie humana. Dentre outras coisas, seria mais justo que o homem cuidasse melhor deles. Se observarmos os animais na natureza, longe dos lugares onde vivem os humanos, veremos que todos são tratados por Deus da mesma forma. Cada um deles vive a experiência orgânica de que necessita naquele estágio, tendo em vista caminharem para um grau mais elevado na hierarquia do Espírito. Recomendamos o estudo das questões 592 e 610 de O Livro dos Espíritos.

Questão 592 do Livro dos Espíritos/ Allan Kardec:

- Se comparamos o homem e os animais, em relação à inteligência, parece difícil estabelecer a linha de demarcação, porque certos animais têm, nesse terreno, notória superioridade sobre certos homens. Essa linha de demarcação pode ser estabelecida de maneira precisa?

Resposta: Sobre esse assunto os vossos filósofos não estão muito de acordo. Uns querem que o homem seja um animal, e outros que o animal seja um homem. Estão todos errados. O homem é um ser à parte, que desce às vezes muito abaixo ou que pode elevar- se muito alto. No físico, o homem é como os animais e menos bem provido que muitos dentre eles; a Natureza lhes deu tudo aquilo que o homem é obrigado a inventar com a sua inteligência, para prover às suas necessidades e à sua conservação. Seu corpo se destrói como o dos animais, isto é certo, mas o seu Espírito tem um destino que só ele pode compreender, porque só ele é completamente livre. Pobres homens, que vos rebaixais mais do que os brutos! Não sabeis distinguir- vos deles? Reconhecei o homem pelo pensamento de Deus.



Questão: 610. Ter-se-ão enganado os Espíritos que disseram constituir o homem um ser à parte na ordem da criação?


Resposta: “Não, mas a questão não fora desenvolvida. Demais, há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, com efeito, um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação do seres que podem conhecê-Lo.”

Nota Final:
          Em nossas vidas já tivemos companheiros animais que nossos pais traziam filhotes para brincarem conosco. Eram filhotes de cachorros vira-latas, gatinho, pintinhos, porquinhos-da-índia, e muitos outros filhotes, que depois cresceram e outros morreram ainda pequenos em acidentes domésticos. Os laços de carinho e cumplicidade de várias horas de diálogos e confidências, para ciúmes dos então esquecidos amigos imaginário, formaram-se entre os animaizinhos e as crianças. A inconformidade do sumiço do animalzinho amiguinho que segundo os pais, "fugiram com a namorada ou namorado" para encobrir e amenizar uma morte que certamente seria incompreendida pelo pequeno e fiel dono.
         Certa vez uma criança tratou de um pintinho com o papo exposto devido as brincadeiras desajeitadas de um cãozinho. Todos os dias ele limpou e passou mercúrio e o animalzinho cresceu saudável. Sua tia dizia que não conseguia nem olhar par o frango agora crescido e com o papo balançando para um lado e outro quando corria. Depois de um tempo o garoto se desinteressou pelo frango, só se importando quando deu por falta dele no galinheiro. Disseram que arrumou uma namorada e foi morar longe. Não precisa dizer quem era o frango caipira ensopado no almoço, né?
         Em outra ocasião,  nas vizinhanças de todas as casas que não foram invadidas por ladrões tinham cães de guarda em suas residências. Os cães cresciam e cruzavam com a mesma raça e depois eram vendidos para vários donos. As cadelas não mostravam tristeza em se separar dos pequenos. Mas os compradores mesmo adultos pareciam crianças abraçando os filhotes todos satisfeitos.
         Mas um acontecimento notável observado, numa fazenda em minas, uma junta de bois idosos, viviam seus jus dias em um pasto rico e água abundante, com direito de complementação na alimentação com milho, cana-de-açúcar e outras guloseimas, só por gratidão dos donos, devido à anos de laboriosos trabalhos na lida arando a roça e transportando a colheita.
          Sem esgotar uma ampla gama de experiência de casos, muitos anos atrás, em Minas quiseram apresentar-me uma criança da roça, um pouco aluada, tinha dificuldade de atenção e interação com as pessoas. Sua atenção só era conseguida com guloseimas, ou qualquer outra comida. Ele vinha meio que esquivando pelos cantos, até tomar da mão oferecida os quitutes. Os olhos com ramelas e o rosto sujo, seu físico parecia com a figura citada do folclore gaúcho "Negrinho do Pastoreio". Não aquietava um instante, e não pronunciava uma palavra. Acreditavam que era mudo de nascença.
          Porém, as pessoas se fascinavam com sua capacidade para lidar com qualquer tipo de animal, até insetos dos mais peçonhentos. Nada o atacava. Nem as abelhas, marimbondos, vespas, cães guardiães bravos, nada. Ele vinha animado em direção dos cães que iam de encontro rosnando e latindo, ele abria os braços e os cães mudavam seu comportamento instantaneamente. De agressivo para o de brincalhão e amigo. Retirava favos de mel em tocos velhos de árvores, sem cuidado algum. Brincava com formigueiros. Não temia em por a mão e não era agredido pelos insetos. Eu realmente jamais vi coisa semelhante e futuramente, pretendo retornar a experiência que outrora não dei ênfase, para uma pesquisa mais apurada.
         Diante de tantos relatos, só não citarei as barbaridades que também presenciei. Estes animaizinhos, qualquer que seja a espécie,  foram criados por Deus com o objetivo de interagir e ensinar-nos a compreender que nossas responsabilidades são bem maiores que imaginamos.

          Longe de esgotarmos estudos e argumentos referente ao proposto sobre os animais na visão espírita, na questão 236 sobre mediunidade de animais, no Livro dos Médiuns de Allan Kardec.
" A questão da mediunidade dos animais se acha completamente resolvida na dissertação seguinte, dada por um espírito, da qual se podem apreciar a profundidade e a sagacidade pelas citações que já tivemos ocasião de fazer. Para bem compreender o valor de sua demonstração, é essencial se reportar à explicação que deu do papel do médium nas comunicações e que reproduzimos anteriormente em outro estudo.
          Esta comunicação foi dada em seguida a uma discussão que teve lugar, a esse respeito, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
          " Abordo hoje a questão da mediunidade dos animais, levando a sustentada por um dos vossos mais fervorosos adeptos. Pretende ele, em virtude deste axiomas: quem pode o mais pode o menos, que nós podemos medianimizar os pássaros e os outros animais, e deles nos servimos em nossas comunicações co a espécie humana. É o que chamais em filosofia, ou antes em lógica, pura e simplesmente um sofisma. - Vós animais, disse ele, a matéria inerte, quer dizer, uma mesa, uma cadeira, um piano; a fortiori deveis animar animar a matéria já animada e notadamente os pássaros. - Pois bem, no estado normal do espiritismo, isto não se passa, isso não pode ser.
            Primeiro, ponderemos bem as coisas. O que é um médium? É o ser, indivíduo que serve de intermediário aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens, espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer espécie que seja.
            Há um princípio que, disso estou seguro, é admitido por todos os espíritas: o de que os semelhantes agem através dos semelhantes e como os seus semelhantes. Ora, quais são os semelhantes dos Espíritos, senão os Espíritos encarnados ou não? Seria preciso repetir isto sem cessar? Pois bem, eu o repetirei ainda: o vosso perispírito e o nosso são tirados do mesmo meio, são de natureza idêntica, são semelhantes, numa palavra. Possuem ambos uma capacidade de assimilação mais ou menos desenvolvidos, de imantações mais ou menos vigorosas, que permite a nós Espíritos e encarnados, pôr-nos muito pronta e facilmente em relação. Enfim, o que pertence especificamente aos médiuns à essência mesma de sua individualidade, é uma afinidade especial, e ao mesmo tempo uma força de expansão particular, que anulam neles toda possibilidade de rejeição, estabelecendo entre eles e nós uma espécie de corrente ou de fusão, que facilita as nossas comunicações. É, de resto, essa possibilidade de rejeição, própria da matéria, que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade na maioria dos que não são médiuns.
            Os homens estão sempre propensos a exagerar tudo. Uns, e não me refiro aqui aos materialistas, recusam uma alma aos animais, enquanto outros querem dar-lhes uma, por assim dizer, semelhante à nossa. Porque pretender assim confundir o perfectível com o imperfectível? Não, não, convencei-vos disso, — o fogo que anima os animais, o sopro que o faz agir, movimentar-se e falar na sua linguagem própria, não tem, quanto ao presente, nenhuma aptidão para se mesclar, se unir ou se confundir com o sopro divino, a alma etérea, o Espírito, numa palavra, que anima o ser essencialmente perfectível: o homem, esse Rei da criação. Ora, não é isso que faz a superioridade da espécie humana sobre as outras espécies terrenas, essa condição essencial de perfectibilidade? Pois bem: reconhecei então que não se pode assimilar ao homem, único perfectível em si mesmo e nas suas obras, qualquer indivíduo de outras espécies viventes da Terra.
            O cão,cuja inteligência é superior os animais e o tornou amigo e comensal do homem, será perfectível por si mesmo e por sua própria iniciativa? Ninguém ousaria sustentar isso, porque o cão não faz progredir o cão. E o mais amestrado entre eles é sempre ensinado pelo seu dono. Desde que o mundo é mundo que a lontra constrói a sua choça sobre as águas, sempre com as mesmas proporções e seguindo um sistema invariável. Os rouxinóis e as andorinhas jamais construíram seus ninhos de maneira diferente dos seus ancestrais. Um ninho de pardais de antes do dilúvio, como um ninho de pardais de hoje é sempre o mesmo, feito nas mesmas condições e pelo mesmo sistema de entrelaçamento de capins e pauzinhos recolhidos na primavera, na época dos amores. Às abelhas e as formigas, em suas pequenas repúblicas organizadas, jamais variaram os seus hábitos de coleta de provisões, a sua maneira de agir, os seus costumes e as suas produções. Por fim, a aranha tece sempre a sua teia da mesma maneira.
            De outro lado, se procurardes as cabanas de ramagens e as tendas das primeiras idades da Terra, encontrareis em seu lugar os castelos e os palácios da civilização moderna. Às vestes de peles selvagens sucederam os tecidos de ouro e seda. Enfim, a cada passo encontrareis a prova da marcha incessante da Humanidade em seu progresso.
            Desse progresso constante, invencível, irrecusável da espécie humana, e do estacionamento indefinido das outras espécies animadas, concluireis comigo que se existem princípios comuns a tudo o que vive  e se move na Terra: o sopro e a matéria, não é menos verdade que somente vós, Espíritos encarnados, estais submetidos a essa inevitável lei do progresso que vos impele fatalmente para frente e sempre para frente. Deus pôs os animais ao vosso lado como auxiliares para vos alimentares, para vos vestirem e vos ajudarem. Deu-lhes um pequeno grau de inteligência porque, para vos auxiliar, precisam compreender, e condicionou essa inteligência aos serviços que devem prestar. Mas, na sua sabedoria não quis que fossem submetidos à mesma lei do progresso. Tais como foram criados, assim ficaram e ficarão até a extinção de suas espécies.
            Costuma-se dizer: os Espíritos mediunizam e fazem mover-se a matéria inerte, as cadeiras, as mesas, os pianos. Fazem mover, sim, mas mediunizam, não! Porque, ainda uma vez: sem médium, nenhum desses fenômenos se produz. Que há de extraordinário em fazermos que se mova, com a ajuda de um ou de muitos médiuns, a matéria inerte, passiva, que justamente em razão de sua passividade, de sua inércia, está em condições de receber os movimentos e os impulsos que lhe desejamos dar? Para isso necessitamos de médiuns, é claro, mas não é necessário que o médium esteja presente ou consciente, porque podemos agir com os elementos que ele nos fornece, sem que ele o saiba e longe dele, sobretudo nos fenômenos de tangibilidade e de transportes. Nosso envoltório fluídico, mais imponderável e mais sutil que o mais sutil e imponderável de vossos gases, unindo-se, casando-se, combinando-se com o envoltório fluídico mais animalizado do médium, e cuja propriedade de expansão e de penetrabilidade escapa aos vossos sentidos grosseiros e é quase inexplicável para vós, permite-nos movimentar os móveis e até mesmo quebrá-los em aposentos vazios.
       Certamente os espíritos podem tornar-se visíveis e tangíveis para os animais, e muitas vezes o pavor súbito que os toma., e que vos parece sem motivo, é causado pela visão de um ou de muitos desses Espíritos, mal intencionados em relação aos indivíduos presentes ou aos seus donos. Muito freqüentemente se vêem cavalos que se recusam a avançar ou recuar, ou que se empinam diante de um obstáculo imaginário. Pois bem! Podeis estar certos de que o obstáculo imaginário é quase sempre um Espírito ou um grupo de Espíritos que se comprazem em detê-los. Lembrai-vos da mula de Balaão, que, vendo um anjo pela frente e temendo sua espada flamejando, não queria avançar. É que antes de se manifestar visivelmente a Balaão, o anjo quis torna-se visível apenas para o animal. Mas, quero repeti-lo: não mediunizamos diretamente nem os animais nem a matéria inerte. Precisamos sempre do concurso consciente ou inconsciente de um médium humano, porque necessitamos da união dos fluidos similares, que não encontramos nos animais nem na matéria bruta.
            O Sr. T., dizem, magnetizou o seu cão. A que resultado chegou? Matou-o. Porque esse infeliz animal morreu depois de haver caído numa espécie de atonia, de langor, conseqüência de sua magnetização. Com efeito, infiltrando-lhe um fluido haurido numa essência superior à essência especial da sua natureza, ele o esmagou, agindo sobre ele, embora mais lentamente, à semelhança do raio. Assim, não havendo nenhuma possibilidade de assimilação entre o nosso perispírito e o envoltório fluídico dos animais propriamente ditos, nós os esmagaríamos imediatamente ao mediunizá-los.

            Isso estabelecido, reconhece perfeitamente a existência de aptidões diversas entre os animais; que certos sentimentos, certas paixões idênticas a paixões e sentimentos humanos se desenvolvem neles; que são sensíveis e reconhecidos, vingativos e rancorosos, segundo o tratamento bom ou mau que lhes dispensarmos. É que Deus, nada fazendo incompleto, deu aos animais, companheiros e servidores do homem, as qualidades de sociabilidade que faltam inteiramente nos animais selvagens que habitam as solidões. Mas daí a poderem servir de intermediários para a transmissão do pensamento dos Espíritos vai um abismo: a diferença das naturezas.
            Sabeis que tiramos do cérebro do médium os elementos necessários para dar ao nosso pensamento a forma sensível e apreensível para vós. E com o auxílio dos seus próprios materiais que o médium traduz o nosso pensamento em linguagem vulgar. Pois bem: que elementos encontraríamos no cérebro de um animal? Haveria ali palavras, letras, alguns sinais semelhantes aos que encontramos no homem, mesmo o mais ignorante? Não obstante, direis, os animais compreendem o pensamento do homem, chegam mesmo a adivinhá-lo. Sim, os animais amestrados compreendem certos pensamentos, mas acaso  já os vistes reproduzi-los? Não. Concluí, pois, que os animais não podem servir-nos de intérpretes.
            Para resumir: os fenômenos mediúnicos não podem produzir-se sem o concurso consciente ou inconsciente dos médiuns, e é somente entre os encarnados, Espírito como nós, que encontramos o que podem servir-nos de médiuns: Quanto a ensinar cães, pássaros e outros animais, para fazerem estes ou aqueles serviços, é problema vosso e não nosso – ERASTO

            Nota de Kardec: Na Revista Espírita de setembro de 1861 encontra-se a explicação minuciosa de um processo empregado pelos amestradores de pássaros sábios, para fazê-los tirar de um maço as cartas que se quiserem. (N. de Kardec) "


         
                                                         
           
           

          

Nenhum comentário:

Postar um comentário