Tecnologia e Espiritualidade

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Quando que pensaríamos de vivenciar uma Pandemia bem no século XXI

Parece inacreditável. Cientistas batendo cabeça, desorientados, sem saber o que fazer diante do caos que assolou o mundo inteiro, especialmente as potências que controlam as riquezas das grandes massas.

É preciso, antes de tudo, respeitar a natureza, não maltratando os animais e devastando as florestas e seus recursos. Nós, como inquilinos deste mundo, dissimulamos nossas atitudes, fechando os olhos para aquilo que não nos convém, mas temos ciência de nossas responsabilidades, mesmo não as assumindo e as ignorando. Nossa percepção é limitada, concentrada em uma faixa estreita e limitada. Vivemos um dia após o outro sem consequência alguma. Pagamos um preço muito alto pela ignorância e covardia. Não querer acreditar nisso não nos absolve da cumplicidade. Sorte nossa que Deus é infinitamente bom e paciente. Mas a natureza precisa proteger a si mesma e também suas criaturas. Sua grandeza é inquestionável. Ela não tem reveses.






terça-feira, 7 de abril de 2020

A Tecnologia Atual


My first X3DOM page

Animate Objects with X3DOM!

Arrastando o mouse na bola ela se movimenta em qualquer direção

A tecnologia na espiritualidade existe de forma muito natural, em níveis que ainda não entendemos e seu conhecimento depende de nossa evolução.


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A nossa evolução atual é do século 21 com aproximadamente 7,5 bilhões de habitantes mundiais.Quando atingirmos um crescimento populacional maior, novas tecnologias serão desenvolvidas para suprir nossas necessidades, porém teremos que educar as crianças para muitas delas não se prejudiquem com tamanha tecnologia, ficando escravas e viciadas com tantos e ilimitados efeitos visuais de entretenimento, ocupando inutilmente seu tempo que poderia ser aproveitado para seu auto conhecimento evolutivo. Essa consciente é fundamental e as universidades já estão procurando desenvolver protocolos educativos para esses pequeninos usuários, de forma que estes venham se beneficiar positivamente no seu processo de conhecimento, interagindo eficiente em prol de todos para com todos.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Socorro Espiritual - Cap 7 - André Luiz

roubandi
     São atitudes que tomamos levado pelo egoismo cego e inconsequente ao exagero, com resultados para  reparações no pretérito, descritas numa passagem de Chico na obra psicografada de André Luis: "Nos Domínios da Mediunidade".
     Fragmentos da existência de um evento com resultado trágico que assemelham com  milhares de outros. A psicografia é um fenômeno incrível que poucos tiveram o merecimento de experimentar. Como grafotécnico, especialidade adquirida à alguns anos, sigo pesquisando arquivos relacionados e em breve, estarei escrevendo um artigo referente às características  psíquicos presentes nos traços lançados no papel pelos médiuns dos vários estilos e padrões. A do tipo mecânica, do Chico em especial, é uma experiência incrível e incontestável. A espiritualidade executa um trabalho complexo e uma preparação metódica de anos de estudos e aperfeiçoamentos, respeitando o livre arbítrio individual irrefutável. No futuro distante a comunicação com o etéreo será uma experiência compreendida e sagrada. Porém se vê muito de charlatanismo  e egocentrismo que comprometem  os trabalhos legítimos e edificadores, gerando desconfiança de céticos que acabam redirecionando para outras linhas de aprendizagens, adiando este aperfeiçoamento. 
     
Com relação ao texto,as atitudes se repetem, só mudam os personagens.

Esta é um trecho psicografado da Obra de Chico Xavier , ditado pelo mentor Emmanuel há algumas décadas passadas. Relata atitudes contestáveis de irresponsabilidade e egoismo para com uma doente indefesa. O autor do texto é do espírito André Luis.
Socorro Espiritual 

Sob a influência de Clementino, que o envolvia inteiramente, Silva levantara-se e dirigia-se ao comunicante com bondade:
— Meu amigo, tenhamos calma e roguemos o amparo divino!
 — Estou doente, desesperado...
 — Sim, todos somos enfermos, mas não nos cabe perder a confiança. Somos filhos de Nosso Pai Celestial que é sempre pródigo de amor.
 — É padre?
 — Não. Sou seu irmão.
— Mentira. Nem o conheço...
 — Somos uma só família, à frente de Deus. O interlocutor conturbado riu-se irônico e acentuou: — Deve ser algum sacerdote fanatizado para conversar nestes termos!..
 A paciência do doutrinador sensibilizava-nos. Não recebia Libório, qual se fora defrontado por um habitante das sombras, suscetível de acordar-lhe qualquer impulso de curiosidade menos digna. Ainda mesmo descontando o valioso concurso do mentor que o acompanhava, Raul emitia de si mesmo sincera compaixão de mistura com inequívoco interesse paternal. Acolhia o hóspede sem estranheza ou irritação, como se o fizesse a um familiar que regressasse demente ao santuário doméstico. Talvez por essa razão o obsessor a seu turno se revelava menos agastadiço.
Tão logo passou a entender-se, de algum modo, com o dirigente da casa, observamos que Eugênia se revigorava no esforço assistencial que lhe competia.
 — Não sou um ministro religioso — continuava Raul, imperturbável —, mas desejo me aceite como seu amigo.
 — Que irrisão! não existem amigos quando a miséria está conosco...
Dos companheiros que conheci, todos me abandonaram. Resta-me apenas Sara! Sara, que não deixarei...
Fixou a expressão de quem se detinha na lembrança da pessoa a quem se referira e acrescentou com recalcada indignação: Ignoro por que me entravam agora os passos. É inútil. Aliás, não sei a razão pela qual me contenho. Um homem provocado, qual me vejo, decerto deveria esbofeteá-los a todos... Afinal, que fazem aqui estes cavalheiros silenciosos e estas mulheres mudas? que pretendem de mim? — Estamos em prece por sua paz — falou Silva, com inflexão de bondade e carinho.
 — Grande novidade! que há de. comum entre nós? Devo-lhes algo?
 — Pelo contrário — exclamou o interlocutor, convicto —, nós somos quem lhe deve atenção e assistência. Estamos numa instituição de serviço fraterno e é fora de dúvida que, num hospital, a ninguém será lícito inquirir da luta particular daqueles que lhe batem à porta, porque, antes de tudo, é dever da medicina e da enfermagem a prestação de socorro às feridas que sangram. Ante o argumento enunciado com sinceridade e simpleza, o renitente sofredor pareceu apaziguar-se ainda mais.
Jactos de energia mental, partidos de Silva, alcançavam-no agora em cheio, no tórax, como a lhe buscarem o coração. Libério tentou falar, contudo, à maneira de um viajante que já não pode resistir à aridez do deserto, comoveu-se diante da ternura daquele inesperado acolhimento, a surgir-lhe por abençoada fonte de água fresca. Surpreendido, notou que a palavra lhe falecia embargada na garganta. Sob o sábio comando de Clementino, falou o doutrinador com afetividade ardente:
 — Libério, meu irmão! Essas três palavras foram pronunciadas com tamanha inflexão de generosidade fraternal que o hóspede não pôde sopitar o pranto que lhe subia do âmago. Raul avançou para ele, impondo-lhe as mãos, das quais jorrava luminoso fluxo magnético, e convidou: — Vamos orar! Findo um minuto de silêncio, a voz do diretor da casa, sob a inspiração de Clementino, suplicou enternecidamente:
- Divino Mestre, lança compassivo olhar sobre a nossa família aqui reunida... Viajores de muitas romagens, repousamos neste instante sob a árvore bendita da prece e te imploramos amparo! Todos somos endividados para contigo, todos nos achamos empenhados à tua bondade infinita, à maneira de servos insolventes para com o senhor. Mas, rogando-te por nós todos, pedimos particularmente agora pelo companheiro que, decerto, encaminhas ao nosso coração, qual se fora uma ovelha que torna ao aprisco ou um irmão consangüíneo que volta ao Lar..
 Mestre, dá-nos a alegria de recebê-lo de braços abertos. Sela-nos os lábios para que lhe não perguntemos de onde vem e descerra-nos a alma para a ventura de tê-lo conosco em paz.
Inspira-nos a palavra a fim de que a imprudência não se imiscua em nossa língua, aprofundando as chagas interiores do irmão, e ajuda-nos a sustentar o respeito que lhe devemos...
Senhor, estamos certos de que o acaso não te preside às determinações!
Teu amor, que nos reserva invariavelmente o melhor, cada dia, aproxima-nos uns dos outros para o trabalho justo. Nossas almas são fios da vida em tuas mãos!
Ajusta-os para que obtenhamos do Alto o favor de servir contigo! Nosso Libório é mais um irmão que chega de longe, de recuados horizontes do passado... Ó Senhor, auxilia-nos para que ele não nos encontre proferindo o teu nome em vão!...
O visitante chorava. Via-se, porém, com clareza, que não eram as palavras a força que o convencia, mas sim o sentimento irradiante com que eram estruturadas. Raul Silva, sob a destra radiosa de Clementino, afigurava-se-nos aureolado de intensa luz.
— Ó Deus, que se passa comigo?...
— conseguiu gritar Libório em  lágrimas. O irmão Clementino fez breve sinal a um dos assessores de nosso plano, que apressadamente acorreu, trazendo interessante peça que me pareceu uma tela de gaze tenuíssima, com dispositivos especiais, medindo por inteiro um metro quadrado, aproximadamente. O mentor espiritual da reunião manobrou pequena chave num dos ângulos do aparelho e o tecido suave se cobriu de leve massa fluídica, branquicenta e vibrátil. Em seguida, postou-se novamente ao pé de Silva, que, controlado por ele, disse ao comunicante:
 — Lembre-se, meu amigo, lembre-se! Faça um apelo à memória! Veja à frente os quadros que se desenrolarão aos nossos olhos!...
 De imediato, como se tivesse a atenção compulsoriamente atraida para a tela, o visitante fixou-a e, desde esse momento, vimos com assombro que o retângulo sensibilizado exibia variadas cenas de que o próprio Libório era o principal protagonista. Recebendo-as mentalmente, Raul Silva passou a descrevê-las: — Observe, meu amigo! É noite. Ouve-se um burburinho de algazarra a distância... Sua mãe velhinha chama-o à cabeceira e pede-lhe assistência... Está exausta... Você é o filho que lhe resta... Derradeira esperança de flagelada vida. Único arrimo... A pobre sente-se morrer. A dispnéia martiriza-a... E o distúrbio cardíaco pressagiando o fim do corpo... Tem medo. Declara-se receosa da solidão, de vez que é sábado carnavalesco e os vizinhos se ausentaram na direção dos centros festivos. Parece uma criança atemorizada... Contempla-o, ansiosa, e roga-lhe que fique... Você responde que sairá tão somente por alguns minutos... o bastante para trazer-lhe a medicação necessária... Em seguida, avança, rápido, para uma gaveta situada em aposento próximo e apropria-se do único dinheiro de que a enferma dispõe, algumas centenas de cruzeiros, com que você se julga habilitado a desfrutar as falsas alegrias do seu clube... Amigos espirituais de seu lar abeiram-se de você, implorando socorro em favor da doente, quase moribunda, mas você se mostra impermeável a qualquer pensamento de compaixão... Dirige algumas palavras apressadas à enferma e sai para a rua. Em plena via pública, imantasse aos indesejáveis companheiros desencarnados com os quais se afina... entidades turbulentas, hipnotizadas pelo vício, com as quais você se arrasta ao prazer... Por três dias e quatro noites consecutivos, entrega-se à loucura, com esquecimento de todas as obrigações... Somente na madrugada de quarta feira você volta estafado e semi-inconsciente... A velhinha, socorrida por braços anônimos, não o reconhece mais... Aguarda, resignadamente, a morte, enquanto você se encaminha para um quarto dos fundos, na expectativa de conseguir um banho que o auxilie a refazer-se... Abre o gás e senta-se por alguns minutos, experimentando a cabeça entontecida... O corpo exige descanso, depois da louca folia... A fadiga surge, insopitável... Desapercebe-se de si mesmo e dorme semi-embriagado, perdendo a existência, porque as emanações tóxicas lhe cadaverizam o cor..... Na manhã clara de sol, um rabecão leva-o ao necrotério, como simples suicida... Nessa altura, o interlocutor, como se voltasse de um pesadelo, bradou desesperado:
— Oh! esta é a verdade! a verdade!.., onde está minha casa? Sara, Sara, quero minha mãe, minha mãe!...
 — Acalme-se! — recomendou Raul, compadecido — nunca nos faltará o socorro divino! seu lar, meu amigo, cerrou-se com os seus olhos de carne e sua genitora, de outras esferas, lhe estende os braços amorosos e santificantes. O comunicante, vencido, caiu em lágrimas. Tão grande lhe surgiu a crise emotiva que o mentor espiritual do grupo se apressou a desligá-lo do equipamento mediúnico, entregando-o aos vigilantes para que fosse conveniententente abrigado em organização próxima. Libório, em fundo processo de transformação, afastou-se, tornando Eugênia à posição normal. E porque a tela regressasse à transparência do início, desfechei sobre o nosso orientador algumas indagações improvisadas. Que função desempenhava aquele retângulo que eu ainda não conhecia? que cenas eram aquelas que se haviam desdobrado céleres sob a nossa admiração?
 — Aquele aparelho — informou Aulus, gentil — é um «condensador ectoplásmico». Tem a propriedade de concentrar em si os raios de força projetados pelos componentes da reunião, reproduzindo as imagens que fluem do pensamento da entidade comunicante, não só para a nossa observação, mas também para a análise do doutrinador, que as recebe em seu campo intuitivo, agora auxiliado pelas energias magnéticas do nosso plano.
— Evidentemente, a engrenagem de semelhante mecanismo deve ser maravilhosa! — exclamou Hilário, sob forte impressão.
 — Nada de espanto — alegou o orientador —; o hóspede espiritual apenas contempla os reflexos da mente de si mesmo, à maneira de pessoa que se examina, através de um espelho.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

PLEXOS SENSORIAIS

                                                                                                                                                             
           A expressão que se origina do latim plexu significando "enlaçamento", conhecido na anatomia os plexos nervosos  no tronco. São eles: Plexo braquial, leva as ligações nervosas ao peito, ao ombro, ao braço, ao antebraço e à mão. Plexo lombar, leva as ligações nervosas às costas, ao abdómen, à virilha, à coxa, ao joelho e à perna

           O conhecimento do  mecanismo complexo biológico físico permite penetrarmos no  campo metafísico e na compreensão desses fenômenos, pois os níveis espectrais eletromagnéticos visíveis  é relativamento ínfimo para a observação física destes. Quando inventarmos equipamentos que façam leituras além das que conhecemos como as de rádio,  micro ondas, infravermelhos, ultravioletas, raios x, gama, entre outras, ficaremos diante da perplexidade e não teremos nenhuma dúvida de tudo que até hoje foi revelado pela espiritualidade. 

            Atualmente na medicina já usam aparelhos de leituras ultrassônicas para  exames obstetras e sistemas do organismo humano. Na indústria,  equipamentos de análise de vibrações que conseguem detectar se uma da peças que compõe o equipamento está com avarias, até mesmo se uma das esferas de um rolamento está defeituosa. A ultrassonografia  industrial mede as espessuras dos aços e defeitos internos como exemplo as trincas e poros .Também análogo ao ultrassom, a radiografia industrial é muito utilizado na manutenção e  inspeção. No campo dos sensores luminosos e diferentes microscopias de varreduras com  capacidades até de verificar  mudanças das estruturas eletrônicas  das composições químicas dos cristais dos materiais. A  capacidade e recursos tecnológicos está num patamar sem limitações nos avanços da evolução do conhecimento humano.
           Como premissa, sabemos  que materiais estão sendo testados para substituir com maior sustentabilidade as fontes de energia atuais. O progresso no conhecimento é galopante. Muitas mentes pensantes com foco no desenvolvimento tecnológico. E  o limite para todo esse desenvolvimento tecnológico é celestial.









sábado, 25 de maio de 2019

   Trecho André Luiz - Nos Domínios da mediunidade- Cap XV

                                                                                                                                                                                                                                                           

 Observando os beberrões, cujas taças eram partilhadas pelos sócios que lhes eram invisíveis, Hilário recordou:
— Ontem, visitamos um templo, em que desencarnados sofredores se exprimiam por intermédio de criaturas necessitadas de auxílio, e ali estudamos algo sobre mediunidade… Aqui, vemos entidades viciosas valendo-se de pessoas que com elas se afinam numa perfeita comunhão de forças inferiores… Aqui, tanto quanto lá, seria lícito ver a mediunidade em ação?
— Sem qualquer dúvida — confirmou o orientador —; recursos psíquicos, nesse ou naquele grau de desenvolvimento, são peculiares a todos, tanto quanto o poder de locomoção ou a faculdade de respirar, constituindo forças que o Espírito encarnado ou desencarnado pode empregar no bem ou no mal de si mesmo. Ser médium não quer dizer que a alma esteja agraciada por privilégios ou conquistas feitas. Muitas vezes, é possível encontrar pessoas altamente favorecidas com o dom da mediunidade, mas dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou delinquentes, com as quais se afinam de modo perfeito, servindo ao escândalo e à perturbação, em vez de cooperarem na extensão do bem. Por isso é que não basta a mediunidade para a concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do Cristianismo Puro, a fim de controlar a energia medianímica, de maneira a mobilizá-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, tanto quanto disciplinamos a eletricidade, a benefício do conforto na Civilização.
Nisso, Áulus relanceou o olhar pelos aposentos reservados mais próximos, qual se já os conhecesse, e, fixando certa porta, convidou-nos a atravessá-la.
Seguimo-lo, ombro a ombro.
Em mesa lautamente provida com fino conhaque, um rapaz, fumando com volúpia e sob o domínio de uma entidade digna de compaixão pelo aspecto repelente em que se mostrava, escrevia, escrevia, escrevia…
— Estudemos — recomendou o orientador.
O cérebro do moço embebia-se em substância escura e pastosa que escorria das mãos do triste companheiro que o enlaçava.
Via-se-lhes a absoluta associação na autoria dos caracteres escritos.
A dupla em trabalho não nos registrou a presença.
— Neste instante — anunciou Áulus, atencioso —, nosso irmão desconhecido é hábil médium psicógrafo. Tem as células do pensamento integralmente controladas pelo infeliz cultivador de crueldade sob a nossa vista. Imanta-se-lhe à imaginação e lhe assimila as ideias, atendendo-lhe aos propósitos escusos, através dos princípios da indução magnética, de vez que o rapaz, desejando produzir páginas escabrosas, encontrou quem lhe fortaleça a mente e o ajude nesse mister.
Imprimindo à voz significativa expressão, ajuntou:
— Encontramos sempre o que procuramos ser.
Finda a breve pausa que nos compeliu à reflexão, Hilário recomeçou:
— Todavia, será ele um médium na acepção real do termo? Será peça ativa em agrupamento espírita comum?
— Não. Não está sob qualquer disciplina espiritualizante. É um moço de inteligência vivaz sem maior experiência da vida, manejado por entidades perturbadoras.
Após inclinar-se alguns momentos sobre os dois, o instrutor elucidou com benevolência:
— Entre as excitações do álcool e do fumo que saboreiam juntos, pretendem provocar uma reportagem perniciosa, envolvendo uma família em duras aflições. Houve um homicídio, a cuja margem aparece a influência de certa jovem, aliada às múltiplas causas em que se formou o deplorável acontecimento. O rapaz que observamos, amigo de operoso lidador da imprensa, é de si mesmo dado à malícia e, com a antena mental ligada para os ângulos mais desagradáveis do problema, ao atender um pedido de colaboração do cronista que lhe é companheiro, encontrou, no caso de que hoje se encarrega, o concurso de ferrenho e viciado perseguidor da menina em foco, interessado em exagerar-lhe a participação na ocorrência, com o fim de martelar-lhe a mente apreensiva e arrojá-la aos abusos da mocidade…
— Mas como? — indagou Hilário, espantadiço.
— O jornalista, de posse do comentário calunioso, será o veículo de informações tendenciosas ao público. A moça ver-se-á, de um instante para outro, exposta às mais desapiedadas apreciações, e decerto se perturbará, sobremaneira, de vez que não se acumpliciou com o mal, na forma em que se lhe define a colaboração no crime. O obsessor, usando calculadamente o rapaz com quem se afina, pretende alcançar o noticiário de sensação, para deprimir a vida moral dela e, com isso, amolecer-lhe o caráter, trazendo-a, se possível, ao charco vicioso em que ele jaz.
— E conseguirá? — insistiu meu colega, assombrado.
— Quem sabe?
E, algo triste, o orientador acrescentou:
— Naturalmente a jovem teria escolhido o gênero de provações que atravessa, dispondo-se a lutar, com valor, contra as tentações.
— E se não puder combater com a força precisa?
— Será mais justo dizer “se não quiser”, porque a Lei não nos confia problemas de trabalho superiores à nossa capacidade de solução. Assim, pois, caso não delibere guerrear a influência destrutiva, demorar-se-á por muito tempo nas perturbações a que já se encontra ligada em princípio.
— Tudo isso por quê?
A pergunta de Hilário pairou no ar por aflitiva interrogação, todavia, Áulus asserenou-nos o ânimo, elucidando:
— Indiscutivelmente, a jovem e o infeliz que a persegue estão unidos um ao outro, desde muito tempo… Terão estado juntos nas regiões inferiores da vida espiritual, antes da reencarnação com que a menina presentemente vem sendo beneficiada. Reencontrando-a na experiência física, de cujas vantagens ainda não partilha, o desventurado companheiro tenta incliná-la, de novo, à desordem emotiva, com o objetivo de explorá-la em atuação vampirizante.
Áulus fez ligeiro intervalo, sorriu melancólico e acentuou:
— Entretanto, falar nisso seria abrir as páginas comoventes de enorme romance, desviando-nos do fim que nos propomos atingir. Detenhamo-nos na mediunidade.
Buscando aliviar a atmosfera de indagações que Hilário sempre condensava em torno de si mesmo, ponderei:
— O quadro sob nossa análise induz à meditação nos fenômenos gerais de intercâmbio em que a Humanidade total se envolve sem perceber…
— Ah! sim! — concordou o orientador faculdades medianímicas e cooperação do mundo espiritual surgem por toda parte. Onde há pensamento, há correntes mentais e onde há correntes mentais existe associação. E toda associação é interdependência e influenciação recíproca. Daí concluímos quanto à necessidade de vida nobre, a fim de atrairmos pensamentos que nos enobreçam. Trabalho digno, bondade, compreensão fraterna, serviço aos semelhantes, respeito à Natureza e oração constituem os meios mais puros de assimilar os princípios superiores da vida, porque damos e recebemos, em espírito, no plano das ideias, segundo leis universais que não conseguiremos iludir.

terça-feira, 14 de maio de 2019

TRECHO RELATOS DE ANDRÉ LUIS- Nos Domínios da Mediunidade Página 135                                                                                                                                                                

           Em silencioso gesto com que nos recordava o dever a cumprir, o Assistente convidou-nos à retirada.
           Retomamos a via pública. Mal recomeçávamos a avançar, quando passou por nós uma ambulância, em marcha vagarosa, sirenando forte para abrir caminho. A frente, ao lado do condutor, sentava-se um homem de grisalhos cabelos a lhe emoldurarem a fisionomia simpática e preocupada. Junto dele, porém, abraçando-o com naturalidade e doçura, uma entidade em roupagem lirial lhe envolvia a cabeça em suaves e calmantes irradiações de prateada luz.
           – Oh! – inquiriu Hilário, curioso – quem será aquele homem tão bem acompanhado? Áulus sorriu e esclareceu:
           – Nem tudo é energia viciada no caminho comum. Deve ser um médico em alguma tarefa salvacionista.
          – Mas, é espírita?
          – Com todo o respeito que devemos ao Espiritismo, é imperioso lembrar que a Bênção do Senhor pode descer sobre qualquer  expressão religiosa – afirmou o orientador com expressivo olhar de tolerância.
          – Deve ser, antes de tudo, um profissional humanitário e generoso que por seus hábitos de ajudar ao próximo se fez credor do auxílio que recebe. Não lhe bastariam os títulos de espírita e de médico para reter a influência benéfica de que se faz acompanhar. Para acomodar-se tão harmoniosamente com a entidade que o assiste, precisa possuir uma boa consciência e um coração que irradie paz e fraternidade.
          – Contudo, podemos qualificá-lo como médium? – perguntou meu companheiro algo desapontado. – Como não? – respondeu Áulus, convicto.
          – É médium de abençoados valores humanos, mormente no socorro aos enfermos, no qual incorpora as correntes mentais dos gênios do bem, consagrados ao amor pelos sofredores da Terra. E, com significativa inflexão de voz, acrescentou:
          – Como vemos, influências do bem ou do mal, na esfera evolutiva em que nos achamos, se estendem por todos os lados e por todos os lados registramos a presença de faculdades medianímicas, que as assimilam, segundo a direção feliz ou infeliz, correta ou indigna em que cada mente se localiza. Estudando, assim, a mediunidade, nos santuários do Espiritismo com Jesus, observamos uma força realmente peculiar a todos os seres, de utilidade geral, se sob uma orientação capaz de discipliná-la e conduzi-la para o máximo aproveitamento no bem. Recordemos a eletricidade que, pouco a pouco, vai transformando a face do mundo. Não basta ser dono de poderosa cachoeira, com o potencial de milhões de cavalos-vapor. É preciso instalar, junto dela, a inteligência da usina para controlar-lhe os recursos, dinamizá-los e distribuí-los, conforme as necessidades de cada um... Sem isso, a queda d’água será sempre um quadro vivo de beleza fenomênica, com irremediável desperdício.
          O tempo, contudo, não nos permitia maior delonga na conversação e rumamos, desse modo, para um agrupamento em que os nossos estudos da véspera encontrariam o necessário prosseguimento.

Francisco C. Xavier - Nos Domínios da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 135



domingo, 3 de fevereiro de 2019

A INTUIÇÃO E A VONTADE

                                                                                                                                                                                                                                                          

            A intuição é uma faculdade ou ato de perceber, discernir ou pressentir coisas, independentemente de raciocínio ou de análise.

            Em FILOSOFIA entende-se como forma de conhecimento direta, clara e imediata, capaz de investigar objetos pertencentes ao âmbito intelectual, a uma dimensão metafísica ou à realidade concreta.

            Estamos constantemente sendo impulsionado por esta força imperceptível e que somado com a nossa vontade, faz com que realizamos obras gigantescas, sem que nos damos conta. Mas sem a vontade, a intuição é nula e sem efeito. E muitos indivíduos nesta categoria da inércia, passam séculos e milênios no estacionamento do progresso espiritual.

            E como saber quando estamos sob a influência da intuição?

            Esses três relatos que acontecem todos os dias e passam desatento a nossa consciência e lançam a incredulidade pela analogia a "coincidência", que tem como significado, eventos com alguma semelhança, mas sem relação de causa e consequência. Esses relatos dividem-se em um caso de telepatia, outra de intuição mediúnica e materialização vidêntica.

            O primeiro relato:

            Estando  certa vez à trabalho num Terminal de tanques de armazenamento de combustíveis e derivados de uma empresa estatal e passando com o veículo sobre a obra , avistei meu amigo que estava distante próximo a uma vala escavada e olhando para ele pensei: - "Meu amigo deveria trazer seu saxofone para as viagens de trabalho, em vez de deixar enferrujando, sem uso na sua casa em Ribeirão Preto".

            Quando desci do automóvel e chegando para cumprimentá-lo, estando de costas e ao se virar, para meu espanto falou :

            - Quando te vi passando de carro, pensei, porque não trago comigo nas viagens o saxofone, em vez de deixar em casa enferrujando, sem uso? Eu ri e ele me perguntou o que estava acontecendo.

           Quando lhe disse da coincidência , ele me falou que foi uma transmissão de pensamento, estávamos numa mesma faixa de frequência e eu concordei com ele.

            Para a parapsicologia, este fenômeno é devido uma rede psíquica, onde as pessoas estão em constante sintonia. Nas obras de André Luis, psicografada por Chico Xavier e ditada pelo espírito Emmanuel, é muito comum as leituras dos pensamentos entre si no mundo espiritual pelos mais adiantados moralmente.

           O segundo relato :

            À tarde às três horas numas das reuniões com preces e transmissões de energias, através de vibrações para as pessoas que estão em situações difíceis e submissas as diversas vicissitudes fora de seus controles, no final da reunião, sob as atenções experientes do dirigente, são arguidas ao plano espiritual, se tem alguma mensagem ou manifestação para informação construtiva.
            Neste dia, estacionei o carro ao entrar no pátio e já tinha começado a reunião. Fui instintivamente aos fundos, onde deparei com uma plantação de melissas. Tomei o cuidado de ninguém estar me observando e apanhei um punhado com raiz e fui rapidamente e furtivamente colocar dentro do carro.
           Fui então até a sala da sessão, onde  já tinham iniciado as leituras e estavam todos concentrados nos trabalhos. Estavam harmonizados e trocavam de experiências com esclarecimentos relevantes. No final, quando estavam dirigindo para os passes, o Sr José, um senhor médium muito experiente, falou que era preciso comunicar uma mensagem importante que estava ouvindo. Outra médium acalmou-o, falando que não era preciso se inquietar. Ele disse que a mensagem era para alguém da reunião e simplesmente dizia para a pessoa não se preocupar, que tomando o chá com algumas folhas de melissa iria melhorar. Seu problema de estômago era psicológico. A médium citada, me dirigindo um olhar carinhoso, falou-o que a pessoa já recebeu a mensagem.
            Fiquei um pouco envergonhado, mas como sabiam? Se ninguém me viu?!

            O terceiro relato:

          Tenho o hábito de acender incensos de citronela, canela, mel (muito forte, não gostei), rosa branca, entre outros. Vou no mercadinho e quando passo pelos incensos fortuitamente escolho um. Às vezes acendo um, porque fica um cheiro no ar agradável e perfumado.

           Teve um dia que excepcionalmente resolvi escolher um incenso diferente, sem ser de flores ou de plantas. Comprei o de São Jorge  para acender em casa. Achei bom, apesar de ser um pouco forte.
           Era quarta feira, quando à noite participo de uma reunião espírita de desobsessão junto com mais quinze médiuns, dentre estes,  videntes de incorporação e de psicografia.
          Este dia, um médium incorporou um espírito guia muito altivo e forte e disse que estamos em trabalho de redenção porque cometemos muitas atrocidades no passado. Ele estava muito entusiasmado com nosso adiantamento. Explicou também que fomos maus no passado e Deus nos deu oportunidade de redimir-se e agora estava também esperando muito ansioso e coragem, a oportunidade de progredir em trabalhos edificantes entre os encarnados. Aconselhou continuar com meus estudos e que teríamos muito trabalho pela frente na mediunidade em ajuda ao próximo.

            No final da reunião um dos médiuns chegou para mim e perguntou se eu conseguia ver o que ele estava visualizando com pouca nitidez. Descreveu-me que era uma entidade de armadura prateada, com um capacete e um penacho em cima. Na parte abaixo da cintura, a armadura era como se fosse uma saia de bainhas lado a lado. E esta entidade estava posicionado entre os médiuns que estavam sentados adiante.
           Assim sendo foi pedido para que o médium se comunicasse com a entidade, onde nos presenteou com uma mensagem de coragem e gratidão.

            Nas várias reuniões não houve qualquer presença desta natureza que "coincidentemente", justo no dia que acendi um incenso de São Jorge, sem conhecimento dos médiuns, aparece para comunicação, um centurião romano.

           Estamos sendo constantemente instruídos pela intuição divina, mas as escolhas somos nós que decidimos, conforme nossa evolução moral e ética da natureza da índole.

           Seria muito oportuno esclarecer qual a finalidade dos trabalhos dos médiuns nestas reuniões. Além de material de estudo de causa e conhecimento científico, as entidades que perambulam na crosta terrestre, encontram-se em condições lastimáveis de desorientação, hipnotizadas pelos seus algozes,vagando a esmo por décadas, até perder sua identidade e então são acolhidos por influência de bons espíritos, para esclarecimentos e ajuda, onde nestes grandes hospitais invisíveis aos nossos olhos de carne , atuam esses valiosos e prestimosos médiuns da casa. Para os espíritos acolhidos, é muito importante conseguir que alguém encarnado consiga ouvi-los, pois traz coragem e ânimo para seguir adiante na redenção e ao arrependimento, onde com isso serão ajudados pela caridade providencial e divina.






terça-feira, 1 de janeiro de 2019

SÍNDROME DA CABEÇA EXPLOSIVA



         Isto acontece de forma desapercebido e incidental. É no momento que estamos exaustos e entrando no sono, o efeito dá-se e logo e em seguida adormecemos. Então esquecemos e não registramos o ocorrido.
         Dia 30 deste mês, anteontem mais preciso, aconteceu comigo. Não eram apenas as paralisias do sono, experimentadas naturalmente e exporadicamente, mas foi outra manifestação inesperada, batizado também de parassonia, dentro da classificação  categórica de  distúrbio do sono.
         Pesquisando no navegador encontrei esta informação que colei abaixo:
         "O médico Silas Weir Mitchell foi o primeiro a falar desse fenômeno, em 1876, e o descreveu como “choques sensoriais”. Apesar de soar alarmante, a síndrome e seus sintomas assustadores são uma condição que não requer tratamento e que, muitas vezes, basta o médico informar que não se trata de algo grave para que o paciente deixe de sofrer."
        Como isso acontece?
        Quando fui dormir, deitei de bruços e assim que ia entrar no sono após desligar a tv, ouvi na minha cabeça um estalo altíssimo, como uma descarga de alta voltagem, PAAÁAAA!!! Acordei assaltado e pensei que algo muito pesado caiu no chão. Porém parece que só eu que  acordei com o suposto choque. Minha esposa continuava dormindo. Liguei a luz para verificar se tinha caído algo pesado. Fui ao quarto ao lado e perguntei para minha filha se ela tinha deixado algo cair, ou a porta do guarda roupa  fechando com o vento... Mas o estrondo seco partiu de dentro da minha cabeça. Pensei: será que vai acontecer de novo? É perigoso? Dormi e não aconteceu novamente.
         Para minha surpresa encontrei um artigo na rede, que informa que isto é um fenômeno raro que pode acontecer apenas uma vez na vida, ou várias vezes sem que a pessoa perceba; como também pode ser crônico, precisando de tratamento  com prescrição de  medicamentos.

         Nossas faculdades são ilimitadas, porém devemos estar em sintonia com o todo, saindo da arbitragem da distração e materialidade dos tempos modernos.
     


sábado, 22 de dezembro de 2018


ARROZ COM FEIJÃO

           O prato tradicional brasileiro  feijão com arroz, salada e uma mistura proteica tipo bife, frango, ovo ou qualquer outra variedade; sem opção de escolha, pois temos  o prato principal e a combinação cultural culinário do cardápio. Desde pequeno aprendemos que comer feijão com arroz é natural e faz crescer saudável. Mas o que temos além do salutar com relação as propriedades químicas e tóxicas das substâncias compostas do menu imposto.
          Partindo da primícia, o que faz o veneno é a quantidade; percebemos que tudo que ingerimos pode nos matar, inclusive a água, em torno de seis a oito litros no intervalo de meia hora para uma pessoa até 100 quilos. Diagnóstico : hiponatremia, que quer dizer: “sal insuficiente no sangue"; e se for analisar detalhadamente e apresentar os diversos casos registrados, teríamos que escrever uma enciclopédia para relatar. 
          Vamos relacionar os alimentos que causam constipação:.
          Arroz, mandioca, cará, cenoura cozida, ,caju, biscoito, pão, maçã, banana prata, maisena, batata salsa, limão, batata, goiaba, macarrão e feijão baio. Não precisamos fazer uma faculdade de engenharia química para entender que certos alimentos são composto por substâncias já conhecidas pelos nossos tataravós como fazedores de maus estares, ou seja, tóxicos. Vamos listar e já antemão colocar em evidência na nossa lista negra.
          Lectina: encontrada na casca do feijão.
         As lectinas não são processadas pelo sistema digestivo humano.
         Como não podemos digeri-las, frequentemente produzimos anticorpos contra elas, com respostas variadas.
         Algumas pessoas desenvolvem intolerância a estas leguminosas e têm uma sensação de inchaço e dor no estômago quando as consomem.
         As lectinas estão envolvidas na síndrome do intestino irritável, que se manifesta com obstipação, vômito, diarreia e inchaço.
         Também podem causar artrite, esclerose múltipla, úlceras pépticas, alergias e diabetes tipo 2.
Entretanto, para muitos dos afetados o problema não vai muito além de uma indigestão.
         Para os que gostam de um bom prato de feijão, "(a lectina) pode ser destruída ao deixar-se o feijão de molho e cozinhar em altas temperaturas", informou o Centro para Segurança Alimentar de Hong Kong.
          Cumária: encontrada na canela.
          Glicoalcalóides (solarina) : presente nas batatas, na casca e região abaixo dela. Seriam necessários umas setenta grandes tubérculos originária das Cordilheiras dos Andes para causar uma toxicidade relevante e mortal.
          Glicosídeos Cianogênicos : sementes que se transformam através de reações químicas em Cianeto de Hidrogênio; encontrados nas sementes de ameixas, pêssegos, cerejas, maçãs, inclusive essa última, as sementes numa porção de 19 a 24 unidades são fatais ao ser humano, caso  não vomite pelo enjoo. 

           

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

O infinito



          O que é misterioso não é mais. Os meios de comunicação e a internet apontam para o conhecimento universal e lógico dos efeitos das percepções extra sensoriais individuais natas e naturais. Somos bilhões de habitantes na crosta terrestre e o nosso planeta lar , igualmente à nós, está envelhecendo. Pouco tempo atrás, cronologicamente após a grande guerra mundial,  principalmente  da  necessidade de  calcular a trajetória de projéteis atômicos, alcemos urgência de avançarmos tecnologicamente  e hoje entramos na era digital, onde a globalização aproximou mentes brilhantes e raciocínios cada vez  mais coletivos  e produtivos, numa explosão demográfica, providência dos avanços na ciência e combate à doenças mortais.
          Microscópios  cada  vez mais potentes, computadores  velozes, softwares diversos, cientistas renomados e dedicados, contudo, o que atrapalha e atrasa o progresso ainda é a forma como os recursos são capitalizadas e os empecilhos ideológicos dos administradores e líderes responsáveis.
          São gastos enormes investimentos para desenvolver uma substância devido a complexidade de separar ou purificar, exemplo da insulina na década de 30, que  depois  de anos devido ao protocolo dos testes de laboratório e humanos, acumula um custo exorbitante, onde os laboratórios responsáveis pelos investimentos com  intenção de  capitalizar lucros , politicamente controlam as  vendas e os preços das patentes de direito assegurado por anos. Imagina-se o que acontece nos bastidores quando outra substância mais eficiente é descoberta neste período de lucratividade.
          Estamos sensíveis e desprotegidos das ameaças de ficarmos a mercê de líderes covardes e gananciosos que burlam a verdade com falsas propagandas e roubalheiras. São pessoas com conhecimento estreitos que acreditam na vida do agora e imediatista. Querem manipular até a vontade e induzindo seus compatriotas  à pobreza e ignorância.
         Portanto, saldamos os puros e bons de coração e que sirvam de exemplos aos que vivem ilusoriamente no seu ciclos de auto enganos  por gerações presos no estacionamento espiritual.


            

quarta-feira, 3 de outubro de 2018




Mensagem enviada particularmente a Clóvis Tavares na noite de 20 de julho de 1948, em Pedro Leopoldo, captada pela antena mediúnica sensibilíssima de Chico Xavier:

 “Amigos, Deus vos recompense.
A lembrança da prece me comove as fibras mais íntimas.
O Espírito liberto esquece o homem prisioneiro.
A alvorada não entende a sombra.
Tenho hoje dificuldades para compreender a luta que passou e, não fosse a responsabilidade que me enlaça ainda o campo humano, em vista das aflições que me povoaram as últimas vigílias na carne, preferia que as vossas recordações, ainda mesmo carinhosas e doces, não me envolvessem o nome de lutador insignificante.
Descobrir caminhos sempre foi a obsessão do meu pensamento. Reconheço hoje, porém, que outra deve ser a vocação da altura.
Dominar continentes e subjugar povos através do ares, será, talvez, extensão de domínio da inteligência perversa que se distancia de Deus. Facilitar comunicação entre as criaturas que ainda não se entendem, possivelmente será acentuar os processos de ataque e morte, de surpresa, nas aventuras da guerra. Dolorosa é a situação do missionário da ciência que se vê confundido no ideais superiores. Atormentada vive a cultura que a não alcançou ainda o cerne sublime da vida.
Terei errado, buscado rotas diferentes? Certo, não.
O mundo e os homens aprenderão sempre. A evolução é fatal.
Todavia, recolhido presentemente à humildade de mim mesmo, procuro caminhos mais altos e estradas desconhecidas, no aprendizado do roteiro para o Cristo, Senhor do nossas vidas.
Não há vôo mais divino que o da alma.
Não existe mundo mais nobre a conquistar, além do que se localiza na própria consciência, quando deliberamos converter-nos ao bem supremo.
Sejamos descobridores de nós mesmos.
Alcemos corações e pensamentos ao Cristo.
Aprimoremo-nos para refletir a vontade soberana e divina do Alto por onde passarmos.
Crescimento sem Deus é curso preparatório da queda espetacular.
Humilharmo-nos para servir em nome Dêle é o caminho da verdadeira glória.
De qualquer modo agradeço-vos.
O trabalhador que prepara as possibilidades para ser útil jamais se esquecerá de endereçar reconhecimento às flores que lhe desabrocham na senda.
Crede! Não passo de servidor pequenino.
Que o Senhor nos enriqueça com Sua divina bênção."

 Alberto Santos Dumont

sexta-feira, 18 de maio de 2018



André Luiz
(Do livro "Missionários da Luz", cap. 12, Francisco Cândido Xavier, edição FEB)


"A sós com Alexandre, mentor devotado e amigo, comecei a meditar na possibilidade de contribuir igualmente no caso que se me deparava. Nunca tivera oportunidade de acompanhar, de perto, um processo de reencarnação, estudando os ascendentes espirituais nas questões da embriologia. Não seria interessante, para mim, utilizar a experiência? Nesse propósito, dirigi-me ao instrutor, sem falar, porém, da minha pretensão em sentido direto:
- Notável para mim a solicitação de hoje -exclamei. - Longe estava de pensar, no mundo, na multiplicidade de tarefas atribuídas aos benfeitores e missionários desencarnados. A extensão do serviço em nosso campo de ação assombraria a qualquer mortal.
- Sem dúvida - respondeu o mentor, atencioso -, os trabalhos se desdobram em todas as direções. O pedido de Herculano vem focalizar um dos mais importantes problemas da felicidade humana: o da aproximação fraternal, do perdão recíproco, da semeadura do amor, através da lei reencarnacionista.
Alexandre meditou alguns momentos e continuou:
- O caso é típico. O drama de Segismundo é demasiadamente complexo para ser comentado em poucas palavras. Basta, todavia, recordar que ele, Adelino e Raquel são os protagonistas culminantes de dolorosa tragédia, ocorrida ao tempo de minha última peregrinação pela Crosta. Em seguida a uma paixão desvairada, Adelino foi vítima de homicídio; Segismundo, do crime; e Raquel, do prostíbulo. Desencarnaram, cada um por sua vez, sob intensa vibração de ódio e desesperação, padecendo vários anos, em zonas inferiores. Mais tarde, por intercessão de amigos redimidos, os antigos cônjuges obtiveram a volta ao corpo físico, a fim de santificarem os laços sentimentais e se reaproximarem dos antigos adversários. Mas, como acontece quase sempre, os heróis na promessa fraquejam na realização, porque se apegam muito mais aos próprios desejos que à compreensão da Vontade Divina. De posse dos bens da vida física, nega-se Adelino a perdoar, recapitulando erradamente as lições do passado. Antes mesmo da reencarnação do antigo transviado, já se manifesta contrário a qualquer auxílio. Sempre o velho círculo vicioso - quando fora da oportunidade bendita de trabalho terrestre e vendo a extensão das próprias necessidades, desvela-se o companheiro em prometer fidelidade e realização, mas, logo que se apossa do tesouro do corpo físico, volta ao endurecimento espiritual e ao menosprezo das leis de Deus.
Calou-se o mentor, por alguns instantes, acentuando em seguida:
- Buscarei, porém, chamá-los à recordação dos compromissos.
Neste ínterim, entendendo que a oportunidade era preciosa, solicitei:
- Ser-me-ia possível acompanhá-lo? Creio que aproveitaria muito. Poderia talvez adquirir valores significativos para o serviço do próximo e para meu benefício pessoal. Ignoro até quando me será permitido estudar em sua companhia e estimarei o aproveitamento integral de semelhante oportunidade.
Alexandre sorriu, compassivo, e falou:
- Não tenho objeções. Entretanto, não creio deva seguir os trabalhos sem algum conhecimento prévio do assunto. Em toda edificação verdadeiramente útil, não podemos prescindir da base. Temos bons amigos no Planejamento de Reencarnações, serviço muito importante em nossa colônia espiritual, diretamente relacionado com as atividades do Esclarecimento. Nessa instituição durante alguns dias, você terá uma idéia aproximada de nossa tarefa, portas adentro de semelhantes trabalhos. Grande percentagem de reencarnações na Crosta se processa em moldes padronizados para todos, no campo de manifestações puramente evolutivas. Mas outra percentagem não obedece ao mesmo programa. Elevando-se a alma em cultura e conhecimentos, e, conseqüentemente, em responsabilidade, o processo reencarnacionista individual é mais complexo, fugindo à expressão geral, como é lógico. Em vista disso, as colônias espirituais mais elevadas mantêm serviços especiais para a reencarnação de trabalhadores e missionários.
As explicações eram sedutoras e relevantes e, compreendendo a importância dos esclarecimentos para meu pobre espírito, Alexandre continuou:
- Quando me refiro a trabalhadores, falo dos companheiros não completamente bons e redimidos, mas daqueles que apresentam maior soma de qualidades superiores, a caminho da vitória plena sobre as condições e manifestações grosseiras da vida. Em geral, como acontece a nós outros, são entidades em débito, mas com valores de boa Vontade, perseverança e sinceridade, que lhes outorgam o direito de influir sobre os fatores de sua reencarnação, escapando, de certo modo, ao padrão geral. Claro que nem sempre tais alterações se verificam em condições agradáveis para a experiência futura. Os serviços de retificação representam tarefas enormes.
E desejando imprimir fortemente em meu espírito a noção da responsabilidade, o instrutor prosseguiu, tornando mais grave a inflexão da voz: - O problema da queda é também uma questão de aprendizado e o mal indica posição de desequilíbrio, exigindo restauração e corrigenda. A evolução confere-nos poder, mas gastamos muito tempo, aprendendo a utilizar esse poder harmonicamente. A racionalidade oferece campo seguro aos nossos conhecimentos; entretanto, André, quase todos nós, trabalhadores da Terra, nos demoramos séculos no serviço de iluminação íntima, porque não basta adquirir idéias e possibilidades, é preciso ser responsável, e nem é justo tenhamos tão-somente a informação do raciocínio, mas também a luz do amor.
- Daí as lutas sucessivas em continuadas reencarnações da alma! - exclamei, vivamente impressionado.
- Sim - continuou meu amável interlocutor -, temos necessidade da luta que corrige, renova, restaura e aperfeiçoa. A reencarnação é o meio, a educação divina é o fim. Por isso mesmo, a par de milhões de semelhantes nossos que evolvem, existem milhões que se reeducam em determinados setores do sentimento, porquanto, se já possuem certos valores da vida, faltam-lhes outros não menos importantes.
Identificando-me a dificuldade para compreender-lhe o ensinamento de maneira integral, meu orientador voltou a dizer:
- Embora na condição de médico do mundo, acredito que você não tenha sido completamente estranho aos estudos evangélicos.
- Sim, sim - retruquei -, tenho as minhas recordações nesse sentido.
- Pois bem, o próprio Jesus nos deixou material de pensamento para o assunto em exame, quando nos asseverou que se a nossa mão ou os nossos olhos fossem motivos de escândalo deveriam ser cortados ao penetrarmos no templo da vida. Compete-nos transferir a imagem literal para a interpretação simples do espírito. Se já falimos muitas vezes em experiências da autoridade, da riqueza, da beleza física, da inteligência, não seria lógico receber idêntica oportunidade nos trabalhos retificadores.
Compreendera claramente onde Alexandre pretendia chegar com os seus esclarecimentos amigos. - É para a regulamentação de semelhantes serviços que funciona em nossa colônia espiritual, por exemplo, o Planejamento de Reencarnações; onde você terá ocasião de recolher ensinamentos preciosos.
E, atendendo-me às necessidades como pai afetuoso, apresentou-me o instrutor, no dia imediato, à imponente instituição.
Constituía-se o movimentado centro de serviço de vários prédios e numerosas instalações. Árvores acolhedoras enfíleiravam-se através de extensos jardins, imprimindo encantador aspecto à paisagem. Reconheci logo que o instituto se caracterizava por grande movimento. Entidades insuladas ou em pequenos grupos iam e vinham, estampando atencioso interesse na expressão fisionômica. Pareciam sumamente despreocupadas de nossa presença ali, porque, quando não passavam sozinhas, ao nosso lado, engolfadas em profundos pensamentos, iam em grupos afetuosos, alimentando discretas conversações, multo graves e absorventes, ao que me parecia. Muitos desses irmãos, que passavam junto de nós, empunhavam reduzidos rolos de substância semelhante ao pergaminho terrestre, relativamente aos quais não possuía eu, até então, a mais leve notícia.
Alexandre, porém, como sempre, veio em socorro de minha estranheza, explicando, bondosamente:
- As entidades sob nossos olhos são trabalhadores de nossa esfera, interessados em reencarnações próximas. Nem todos estão diretamente ligados ao semelhante propósito, porque grande parte está em trabalho de intercessão, obtendo favores dessa natureza para amigos íntimos. Os rolos brancos que conduzem são pequenos mapas de formas orgânicas, elaborados por orientadores de nosso plano, especializados em conhecimentos biológicos da existência terrena. Conforme o grau de adiantamento do futuro reencarnante e de acordo com o serviço que lhe é designado no corpo carnal, é necessário estabelecer planos adequados aos fins essenciais.
- E a lei da hereditariedade fisiológica? perguntei.
- Funciona com inalienável domínio sobre todos os seres em evolução, mas sofre, naturalmente, a influência de todos aqueles que alcançam qualidades superiores ao ambiente geral. Além do mais, quando o interessado em experiências novas no plano da Crosta é merecedor de serviços «intercessórios», as forças mais elevadas podem imprimir certas modificações à matéria, desde as atividades embriológicas, determinando alterações favoráveis ao trabalho de redenção.
A essa altura da palestra esclarecedora, Alexandre convidou-me a transpor o limiar.
Achamo-nos, em breve, num dos gabinetes extensos do edifício principal, aonde um dos numerosos amigos do orientador veio atender-nos atenciosamente.
Apresentou-me Alexandre ao Assistente Josino, que me recebeu com extrema gentileza e fidalguia de trato. Esclareceu o instrutor o objetivo de nossa visita. Desejava me fosse conferida a possibilidade de visitar a instituição de planejamento, quantas vezes me fosse possível durante a semana em curso, em vista da minha necessidade de adquirir noções seguras, referentemente ao trabalho de auxílio nas atividades reencarnacionistas. O Assistente prometeu a melhor boa vontade. Conduzir-me-ia a colegas dele, para que me não faltassem minúcias de conhecimento, exporia suas próprias experiências à minha observação, para que eu retirasse delas o máximo proveito e, por fim, quanto estivesse ao seu alcance, guiaria meus impulsos no aprendizado.
Felicitavam-me o íntimo as melhores e mais confortadoras impressões, não só pela recepção carinhosa, senão também pelo ambiente educativo. Não longe de nós, em luminosos pedestais, descansavam duas maravilhas da estatuária, a figuração delicada de um corpo masculino e outro modelo feminino, singularmente belo pela perfeição anatômica, não somente da forma em si, mas também de todos os órgãos e as mais diversas glândulas. Através de disposições elétricas, ambas as figurações palpitavam de vida e calor, exibindo eflúvios luminosos, quais os homens e mulheres mais evolvidos na esfera carnal.
Identificando-me a admiração, Alexandre sorriu e disse ao Assistente Josino, com o propósito de fazer-se ouvido por mim:
- Talvez André não conheça bastante o nosso respeito e gratidão ao aparelho físico terrestre. - Em verdade - ajuntei - ignorava, até agora, que o corpo carnal fosse, entre nós, objeto de tamanhos cuidados. Não sabia que a nossa colônia contasse com instituição desse teor.
- Como não, meu amigo? - interferiu o Assistente, com inflexão de carinho - o corpo físico na Crosta Planetária representa uma bênção de Nosso Eterno Pai. Constitui primorosa obra da Sabedoria Divina, em cujo aperfeiçoamento incessante temos nós a felicidade de colaborar. Quanto devemos à máquina humana pelos seus milênios de serviço a favor de nossa elevação na vida eterna? Nunca relacionaremos a extensão de semelhante débito.
E, fixando os modelos que me provocavam assombro, acentuou:
- Todo o nosso zelo, no serviço de reencarnação, permanece muito aquém do quanto deveríamos realizar em benefício do aprimoramento da máquina orgânica.
Embora hesitante, ousei perguntar:
- Todos os núcleos de espiritualidade superior mantêm círculos de trabalho dessa natureza?
Foi Alexandre quem respondeu, com a delicadeza habitual:
- Em todas as colônias de expressão elevada, essas tarefas são desempenhadas com infinito carinho. O auxílio à reencarnação de companheiros nossos traduz o nosso reconhecimento ao aparelho físico que nos tem proporcionado tantos benefícios; através do tempo.
Recordei, porém, que o meu pai terrestre, um dia, voltara à experiência carnal, procedendo das zonas francamente inferiores, e indaguei:
- E aqueles que regressam à Crosta, partindo das regiões mais baixas, terão o mesmo generoso auxílio?
Desejando imprimir à pergunta a mais viva sinceridade, acrescentei:
- Meu genitor, na derradeira romagem terrestre, voltou, faz algum tempo, à esfera carnal em condições bem amargas...
Alexandre interrompeu-me o curso da frase, ponderando:
- Compreendemos. Se for ele criatura de razão esclarecida, embora não iluminada, permanecia após a morte em estado de queda e não deve ter voltado à bendita oportunidade da escola física sem o trabalho «intercessório» e forte ajuda de corações bem-amados de nosso plano. Nesse caso, terá recebido a cooperação de benfeitores, situados em posições mais altas, que lhe terão endossado as promessas no serviço regenerador. Se ele foi, porém, criatura em esforço puramente evolutivo, circunstância essa na qual não teria regressado em condições amargurosas, contou ele naturalmente com o abençoado concurso dos trabalhadores espirituais que velam, na Crosta, pela execução dos trabalhos reencarnacionistas, em processos naturais. Em face dos esclarecimentos do instrutor, entendi as diferenças e tranqüilizei o coração.
Fosse porque a palestra escalpelara melindroso assunto de família humana, fosse pelo propósito de me deixarem a sós com as minhas profundas reflexões naquele extenso gabinete de serviço, o orientador e o assistente entraram em silêncio, compelindo-me a rebuscar novos motivos de conversação para o meu aprendizado.
Passei então a observar detidamente os modelos masculino e feminino, não longe de meus olhos. Muito gentil Josino pousou a destra, de leve, nos meus ombros, e falou-me:
- Aproxime-se das criações educativas. Você lucrará muito, observando de perto.
Não contive um gesto de agradecimento e afastei-me dos dois respeitáveis amigos, acercando-me das figurações ali expostas. Detive-me na contemplação do molde masculino, que apresentava absoluta harmonia de linhas, qual arte helênica de sabor antigo.
O modelo, estruturado em substância luminosa, constituía, a meu parecer, a mais primorosa obra anatômica até então sob minha análise. Semelhava-se aquela figura humana, imóvel, a qualquer coisa divinal.
Fixei-lhe as minuciosidades com espanto. Nunca vira semelhante perfeição de minudências fisiológicas. Toda a musculatura estava, ali, formada em fibras radiosas. Desde o frontal ao ligamento anular do tarso, viam-se fios de luz simbolizando as regiões diversas da musculatura em geral. Determinadas fibras, todavia, como as que se localizavam na zona orbicular das pálpebras, no triangular dos lábios, no grande peitoral, no pectineo, nas eminências tenar e hipotênar até o extensor dos dedos, eram mais brilhantes. Do exame de superfície, passei a observações mais profundas, identificando as disposições maravilhosas das figuras representativas da circulação linfática e sanguínea. Oh! Os órgãos estavam todos ali, vibrando em obediência a dispositivos elétricos para demonstrações educativas. Os vasos para o sangue venoso apresentavam-se em luz acinzentada, ao passo que as regiões do sangue arterial figuravam-se em cor encarnada.
Surpreendido, rendi silencioso preito de admiração à Sabedoria Divina, que nos concede o sublime aparelho físico terrestre para as nossas aquisições eternas.
Impressionava-me a composição perfeita dos vasos distribuídos em torno do tronco celíaco, à maneira de pequenos rios de luz, destacando-se em expressão a luminosidade das cavas superior e inferior, das jugulares externa e interna, das artérias e veias axilares, da veia porta, das artérias esplênica e mesentérica superior, da aorta descendente, dos vasos ilíacos e dos gânglios da virilha.
Cobrindo as maravilhas orgânicas, estava o sistema nervoso, semelhando-se a capa radiante estruturada em fios tenuíssimos de luz feérica. A região do cérebro parecia uma lâmpada em azul suavíssimo, cuja luminosidade se ligava em sentido direto ao cerebelo, descendo em seguida pela medula espinhal até o plexo sagrado, onde o foco brilhante adquiria expressão mais intensa, para atenuar-se, depois, no grande ciático.
Transferi minhas observações para a forma feminina, igualmente radiosa, concentrando meu potencial analítico sobre o sistema endocrínico, disposto à maneira de constelação, entre as peças orgânicas. Desde a epífise, situada entre os hemisférios cerebrais, até os núcleos procriadores, as glândulas pareciam formar belo sistema luminoso, semelhante a pequenos astros de vida, congregados em sentido vertical, qual antena rútila atraindo a luz procedente de Mais Alto. Cada qual apresentava sua forma específica, suas expressões vibratórias, suas características particulares, diversificando-se, igualmente, a cor de cada uma, embora recebessem todas, a seu modo, a coloração da epífise, semelhante a pequenino sol azulado, mantendo em seu campo de atração magnética todas as demais, desde a hipófise à região dos ovários, como o nosso astro de vida, garantindo a coesão e o movimento da sua grande família de planetas e asteróides.
Minha estupefação não tinha limites.
É forçoso confessar, porém, que minha surpresa se distendia muito mais, ao fixar os eflúvios brilhantes que emanavam dos centros genitais, semelhando-se, em conjunto, a minúsculo santuário cheio de luz.
Como eu dirigisse ao meu instrutor um olhar de indagação, seus esclarecimentos não se fizeram esperar.
- Na Crosta - disse-me Alexandre, sorrindo, após reaproximar-se de mim -, em sentido geral ainda existe muita ignorância acerca da missão divina do sexo. Para nós, porém, que desejamos valorizar as experiências, a paternidade e a maternidade terrestres são sagradas. A faculdade criadora é também divindade do homem. O útero maternal significa, para nós outros, a porta bendita para a redenção; para grande número de pessoas na Esfera do Globo, a visão celestial é símbolo de repouso e alegria sem fim, enquanto, para muitos de nós, a visão terrestre significa trabalho edificante e salutar. Não alcançaremos, porém, a terra prometida do serviço redentor, sem o concurso das forças criadoras associadas, do homem e da mulher. Compreendi, com novo espírito, o caráter sublime das energias sexuais e recordei-me, compadecidamente, de todos os encarnados que ainda não conseguiram edificar o respeito e o entendimento, relativos aos sagrados órgãos procriadores. Meu orientador, entretanto, como antena receptora de todas as minhas emissões mentais, advertiu-me, bondoso:
- Relegue ao esquecimento qualquer expressão das reminiscências menos construtivas. Os que ultrajam o sexo, escrevendo, agindo ou falando, já são grandes infelizes por si mesmos.
Guardei a lição e abençoei a nova experiência que começava.
Despediu-se Alexandre, deixando-me na grande instituição de planejamento, onde o Assistente Josino, ocupado nos encargos de seu ministério, me confiou aos cuidados de Manassés, um irmão dos serviços informativos da casa, que me acolheu prazerosamente, cercando-me de gentileza e carinho. Senti imediatamente que o meu aprendizado ali se iniciava com imenso proveito. Manassés era um livro volante. Seus pareceres e informes traduziam valiosos ensinamentos.
Aproximando-nos dos pavilhões de desenho, onde numerosos cooperadores traçavam planos para reencarnações incomuns, foi o meu novo companheiro procurado por uma entidade simpática que lhe pedia informações. Manassés apresentou-ma, otimista. Tratava-se dum colega que, depois de quinze anos de trabalho nas atividades de auxílio, regressaria à esfera carnal para a liquidação de determinadas contas. O recém-chegado parecia hesitante. Via-se-lhe o receio, a indecisão.
- Não se deixe dominar pelas impressões negativas - dirigia-se Manassés a ele, infundindo-lhe bom ânimo. - O problema do renascimento não é assim tão intrincado. Naturalmente, exige coragem, boas disposições.
- Entretanto - exclamava o interlocutor, algo triste -, temo contrair novos débitos ao invés de pagar os velhos compromissos. É tão penoso vencer na experiência carnal, em vista do esquecimento que sobrevém à encarnação...
- Mas seria muito mais difícil triunfar guardando a lembrança - redargüiu Manassés, incontinenti.
Prosseguindo, sorridente, acrescentou:
- Se tivéssemos grandes virtudes e belas realizações, não precisaríamos recapitular as lições já vividas na carne. E se apenas possuímos chagas e desvios para rememorar, abençoemos o olvido que o Senhor nos concede em caráter temporário. Esforçou-se o outro para esboçar um sorriso e objetou:
- Conheço-lhe o otimismo; quisera ser igualmente assim. Voltarei confiante no concurso fraterno de vocês.
E modificando o tom de voz, indagou:
- Pode informar se o meu modelo está pronto? - Creio que poderá procurá-lo amanhã - tornou Manassés, bem disposto -; já fui observar o gráfico inicial e dou-lhe parabéns por haver aceitado a sugestão amorosa dos amigos bem orientados, sobre o defeito da perna. Certamente, lutará você com grandes dificuldades nos princípios da nova luta, mas a resolução lhe fará grande bem.
- Sim - disse o outro, algo confortado -, preciso defender-me contra certas tentações de minha natureza inferior e a perna doente me auxiliará, ministrando-me boas preocupações. Ser-me-á um antídoto à vaidade, uma sentinela contra a devastação do amor-próprio excessivo.
- Muito bem! - respondeu Manassés, francamente otimista.
- E pode informar-me ainda a média de tempo conferida à minha forma física futura?
- Setenta anos, no mínimo - redargüiu meu novo companheiro, contente.
O outro fixou uma expressão de reconhecimento, enquanto Manassés continuava:
- Pondere a graça recebida, Silvério, e, depois de tomar-lhe a posse no plano físico, não volte aqui antes dos setenta. Trate de aproveitar a oportunidade. Todos os seus amigos esperam que você volte, mais tarde, à nossa colônia, na gloriosa condição de um «completista».
O interpelado mostrou um raio de esperança nos olhos, agradeceu e despediu-se.
As últimas observações de Manassés acenderam-me curiosidade mais forte. Não contive a indagação que me vagueava no pensamento e perguntei sem rebuços:
- Meu amigo, que significa a palavra «completista»?
Ele sorriu, complacente, e retrucou, bem-humorado:
- É o título que designa os raros irmãos que aproveitaram todas as possibilidades construtivas que o corpo terrestre lhes oferecia. Em geral, quase todos nós, em regressando à esfera carnal, perdemos oportunidades muito importantes no desperdício das forças fisiológicas. Perambulamos por lá, fazendo alguma coisa de útil para nós e para outrem, mas, por vezes, desprezamos cinqüenta, sessenta, setenta per cento e, freqüentemente, até mais, de nossas possibilidades. Em muitas ocasiões, prevalece ainda, contra nós, a agravante de termos movimentado as energias sagradas da vida em atividades inferiores que degradam a inteligência e embrutecem o coração. Aqueles, porém, que mobilizam a máquina física, à maneira do operário fidelíssimo, conquistam direitos muito expressivos em nossos planos. O «completista», na qualidade de trabalhador leal e produtivo, pode escolher, à vontade, o corpo futuro, quando lhe apraz o regresso à Crosta em missões de amor e iluminação, ou recebe veículo enobrecido para o prosseguimento de suas tarefas, a caminho de círculos mais elevados de trabalho.
Semelhante notícia representava para mim valiosa revelação. Nada mais legítimo que dotar o servidor fiel de recursos completos. E lembrei-me dos desregramentos de toda a sorte a que se entregam as criaturas humanas, em todos os países, doutrinas e situações, complicando os caminhos evolutivos, criando laços escravizantes, enraizando-se no apego aos quadros transitórios da existência material, alimentando enganos e fantasias, destruindo o corpo e envenenando a alma. Num transporte de justificada admiração, redargúi:
- Recordando o cativeiro dos Espíritos encarnados no plano da sensação, consola-nos saber que há um prêmio aos raríssimos homens que vivem na sublime arte do equilíbrio espiritual, mesmo na carne.
- Sim - disse Manassés, aprovando-me com o olhar -, por mais estranho que possa parecer, semelhantes exceções existem no mundo. Passam, freqüentemente, para cá, entre os anônimos da Crosta, sem fichas de propaganda terrestre, mas com imenso lastro de espiritualidade superior.
E dando-me a impressão de que desejava esclarecer-me, relativamente a ele mesmo, acrescentou:
- Há muitos anos me esforço para conseguir a condição dos «completistas»; no entanto, até agora continuo em fase de preparação...
Compreendi que Manassés, tanto quanto eu, trazia regular bagagem de recordações menos felizes, com respeito ao uso que fizera do corpo terreno nas experiências passadas e procurei modificar a orientação da palestra:
- Sabe de algum «completista» que tenha regressado à Crosta? – interroguei.
- Sim.
- Naturalmente - continuei, curioso - terá escolhido um organismo irrepreensível.
Meu novo companheiro mostrou significativa expressão fisionômica e acentuou:
- Nenhum dos que tenho visto partir, embora os méritos de que se encontravam revestidos, escolheram formas irrepreensíveis, quanto às linhas exteriores. Solicitaram providências em favor da existência sadia, preocupando-se com a resistência, equilíbrio, durabilidade e fortaleza do instrumento que os deveria servir, mas pediram medidas tendentes a lhes atenuarem o magnetismo pessoal, em caráter provisório, evitando-se-lhes apresentação física muito primorosa, ocultando, assim, a beleza de suas almas para a eficiente garantia de suas tarefas. Assim procedem, porquanto, vivendo a maioria das criaturas no jogo das aparências, quando na Crosta Planetária, incumbir-se-iam elas próprias de esmagar os missionários do Bem, se lhes conhecessem a verdadeira condição, através das vibrações destruidoras da inveja, do despeito, da antipatia gratuita e das disputas injustificáveis. Em vista disso, os trabalhadores conscientes, na maioria das vezes, organizam seus trabalhos em moldes exteriores menos graciosos, fugindo, por antecipação, ao influxo das paixões devastadoras das almas em desequilíbrio.
Entendi a extensão do esclarecimento e meditava na grandeza dos princípios espirituais que regem a experiência humana, quando Manassés acrescentou, após longa pausa:
- As mentes juvenis, quais crianças do mundo, brincam com o fogo das emoções; todavia, os espíritos amadurecidos, mormente quando chegam à situação de «completistas», abandonam toda experiência que os possa distrair no caminho de realização da Vontade Divina.
Em seguida, convidado pelo meu novo amigo, penetrei numa das dependências consagradas aos serviços de desenho. Pequenas telas, demonstrando peças do organismo humano, estavam ordenadamente em todos os recantos. Tinha a impressão fiel de que me encontrava num grande centro de anatomistas, cercados de auxiliares competentes e operosos. Espalhavam-se desenhos de membros, tecidos, glândulas, fibras, órgãos de todos os feitios e para todos os gostos.
- Como sabe - observou Manassés, cuidadoso -, no serviço de recapitulação ou de tarefas especializadas na superfície do Globo, a reencarnação nunca pode ser vulgar. Para isso, trabalham aqui centenas de técnicos em questões de Embriologia e Biologia em geral, no sentido de orientar as experiências individuais do futuro de quantos irmãos se ligam a nós no esforço coletivo.
Sentindo espontânea veneração, contemplei os servidores que se inclinavam atenciosos, arquitetando o porvir de muitos companheiros. Como era complexa a oportunidade de renascer! Que atividades intensas exigiam dos benfeitores espirituais! Ao meu gesto de estranheza, respondeu Manassés numa síntese expressiva:
- Você não ignora que os homens ainda selvagens ou semi-selvagens, embora utilizando os recursos sempre sagrados da Natureza, edificam suas habitações em moldes mais simples e rudimentares; todavia, o homem que já atingiu certo padrão de ideal, desenvolvendo faculdades superiores, Constrói o lar, organizando plantas prévias.
Indicando o quadro interior, extremamente movimentado, acrescentou, sorridente:
- Não estamos aqui senão cogitando, igualmente, de projetos para futuras habitações carnais. O corpo humano não deixa de ser a mais importante moradia para nós outros, quando compelidos à permanência na Crosta. Não podemos esquecer que o próprio Divino Mestre classificava-o como templo do Senhor,
Impressionado, seguia atenciosamente os trabalhos em curso. Dispúnhamo-nos a seguir adiante, quando uma irmã, de porte muito respeitável, se aproximou saudando Manassés afetuosamente. Ele respondeu com gentileza e apresentou-ma.
- É nossa irmã Anacleta.
Cumprimentei-a, sentindo-lhe a simpatia pessoal.
- Trata-se de uma das nossas trabalhadoras mais corajosas - acentuou o funcionário do trabalho de informações.
A senhora sorriu, algo contrafeita por se ver focalizada na opinião franca do companheiro. Todavia, Manassés, com o otimismo que lhe era característico, prosseguiu:
- Imagine que voltará à Esfera do Globo, em breves dias, em tarefa de profunda abnegação por quatro entidades que, há mais de quarenta anos, se debatem em regiões abismais das zonas inferiores.
- Não vejo nisso abnegação alguma - atalhou à senhora, sorrindo -, cumprirei tão somente um dever.
E fixando-me, desassombrada e serena, asseverou:
- As mães que não completaram a obra de amor que o Pai lhes confia junto dos filhos amados, devem ser bastante fortes para recomeçarem os serviços imperfeitos. Esse o meu caso. Não se deve mencionar sacrifício onde existe apenas obrigação.
Interessava-me a história daquela irmã despretensiosa e simpática e, por isso mesmo, animei-me a perguntar-lhe:
- Regressará, então, dentro em breve? De qualquer maneira, sua resolução traduz devotamento e bondade. Não posso esquecer que também minha mãe voltou ao círculo da carne, tangida por sublime dedicação,
Notei que os olhos dela se encheram de lágrimas discretas, que não chegaram a cair, emocionada talvez com a minha observação sincera. Estendeu-me a destra, gentilmente, e, dando a idéia de que não desejava continuar em conversação relativa ao assunto, disse-me, comovida:
- Muito grata pelo conforto de suas palavras. Mais tarde, ao se lembrar de mim, ajude-me com o seu pensamento amigo.
Nesse ponto da ligeira palestra, Manassés indagou:
- Já recebeu todos os projetos?
- Sim - respondeu ela -, não somente os que se referem aos meus pobres filhos, mas também a planta relativa à minha própria forma futura.
- Está satisfeita?
- Muitíssimo! - redargüiu a dama. - Na lei do Pai, a justiça está cheia de misericórdia e continuo na condição de grande devedora.
Em seguida, despediu-se, calma e afável. Manassés compreendeu-me a curiosidade e explicou:
- Anacleta é um exemplo vivo de ternura e devotamento, mas voltará às lutas do corpo a fim de operar determinadas retificações no coração materno. Por imprevidência dela, noutro tempo, os quatro filhos, que o Senhor lhe confiara, caíram desastradamente. A pobrezinha albergava certas noções de carinho que não se compadecem com a realidade. Seu esposo era homem probo e trabalhador e, apesar de abastado, nunca se esqueceu dos deveres que lhe prendiam as atividades de homem de bem ao campo da sociedade em geral. Caracterizava-se por uma energia sempre construtiva, mas a esposa, embora devotadíssima, contrariava-lhe a influência do lar, viciando o afeto de mãe com excessos de meiguice desarrazoada. E, como conseqüência indireta, quatro almas não encontraram recursos para a jornada de redenção. Três rapazes e uma jovem, cuja preparação intelectual exigira os mais árduos sacrifícios, caíram muito cedo em desregramentos de natureza física e moral, a pretexto de atenderem a obrigações sociais. E tão degradantes foram esses desregramentos que perderam muito cedo o templo do corpo, entrando em regiões baixas, em tristes condições. Anacleta, contudo, voltando ao campo espiritual, compreendeu o problema e dispôs-se a trabalhar afanosamente para conseguir, não só a reencarnação de si própria, senão também a dos filhos que deverão segui-la nas provas purificadoras da Crosta.
- Quantos anos gastaram para obter semelhante concessão? - perguntei, impressionado.
- Mais de trinta.
- Imagino-lhe os sacrifícios futuros! - exclamei.
- Sim - esclareceu Manassés -, a experiência ser-lhe-á bem dura, porque dois dos rapazes deverão regressar na condição de paralíticos, um na qualidade de débil mental e, para auxiliá-la na viuvez precoce, terá tão-somente a filha, que, por si mesma, será também portadora de prementes necessidades de retificação.
Ia dizer de minha profunda surpresa, diante do mecanismo de introdução ao serviço reencarnacionista, quando outra irmã se acercou de nós, procurando por Manassés.
Depois das saudações afetivas, explicou-se ela, gentil, dirigindo-se ao meu novo amigo:
- Desejo sua obsequiosa interferência na retificação do meu plano.
E abrindo pequeno mapa, onde se via desenhado com extrema perfeição um organismo de mulher, acentuou:
- Veja bem o meu projeto para o sistema endocrínico. Sei que os amigos me favoreceram, planejando-o com muita harmonia nas menores disposições; entretanto, desejaria modificações...
- Em que sentido? - indagou o interpelado, r surpreso.
A recém-chegada indicou os pontos do projeto onde se localizava o colo e falou:
- Fui advertida por benfeitores daqui, no sentido de não me apresentar na Crosta, dentro de linhas impecáveis para a forma física e, em razão disso, para que eu tenha mais probabilidades de êxito em meu favor, na tarefa que me proponho desempenhar, estimaria que a tireóide e as paratireóides não estivessem tão perfeitamente delineadas. Como sabe, Manassés, minha tarefa não será fácil. Devo reaver um patrimônio espiritual de grandes proporções. Preciso fugir de qualquer possibilidade de queda e a perfeita harmonia física me perturbaria as atividades.

O novo companheiro endereçou-me expressivo olhar e disse-lhe:
- Tem razão. A sedução carnal é imenso perigo, não só para aqueles que emitem a sua influenciação, como também para quantos a recebem. - Prefiro a fealdade corpórea - tornou ela. - Não estou interessada num corpo de Vênus e, sim, na redenção de meu espírito para a Eternidade. Manassés prometeu interpor os seus bons ofícios, e, tão logo se despediu da nova interlocutora, passou a mostrar-me as mais interessantes figurações de órgãos do corpo humano.
Admirava, tomado de profunda impressão; aqueles gráficos numerosos que se alinhavam, com absoluta ordem, demonstrando o cuidado espiritual que precede o serviço de reencarnações, quando o meu amigo ponderou:
- A medicina humana será muito diferente no futuro, quando a Ciência puder compreender a extensão e complexidade dos fatores mentais no campo das moléstias do corpo físico. Muito raramente não se encontram as afecções diretamente relacionadas com o psiquismo. Todos os órgãos são subordinados à ascendência moral. As preocupações excessivas com os sintomas patológicos aumentam as enfermidades; as grandes emoções po0dem curar o corpo ou aniquila-lo. Se isso pode acontecer na esfera de atividades vulgares das lutas físicas, imagine o campo enorme de observações que nos oferece o plano espiritual, para onde se transferem, todos os dias, milhares de almas desencarnadas, em lamentáveis condições de desequilíbrio da mente. O médico do porvir conhecerá semelhantes verdades e não circunscreverá sua ação profissional ao simples fornecimento de indicações técnicas, dirigindo-se, muito mais, nos trabalhos curativos, às providências espirituais, onde o amor cristão represente o maior papel. Desejando, porém, prosseguir nos esclarecimentos, quanto ao serviço reencarnacionista, Manassés tomou pequeno gráfico e, apresentando-me as linhas gerais, acentuou:
- Aqui temos o projeto de futura reencarnação dum amigo meu. Não observa certos pontos escuros, desde o cólon descendente à alça sigmóide? Isso indica que ele sofrerá uma úlcera de importância, nessa região, logo que chegue à maioridade física. Trata-se, porém, de escolha dele.
E porque extrema curiosidade me vagueasse nos olhos, Manassés explicou:
- Esse amigo, faz mais de cem anos, cometeu revoltante crime, assassinando um pobre homem: a facadas; logo que se entregou ao homicídio, como acontece muitas vezes, a vítima desencarnada ligou-se fortemente a ele, e da semente do crime, que o infeliz assassino plantou num momento, colheu resultados terríveis por muitos anos. Como não ignora, o ódio recíproco opera igualmente vigorosa imantação e a entidade, fora da carne, passou a vingar-se dele, todos os dias, matando-o devagarzinho, através de ataques sistemáticos pelo pensamento mortífero. Em suma, quando o homicida desencarnou, por sua vez, trazia o organismo perispiritual em dolorosas condições, além do remorso natural que a situação lhe impusera. Arrependeu-se do crime, sofreu muito nas regiões purgatoriais e, depois de largos padecimentos purificadores, aproximou-se da vítima, beneficiando-a em louváveis serviços de resgate e penitência. Cresceu moralmente, tornou-se amigo de muitos benfeitores, conquistou a simpatia de vários agrupamentos de nosso plano e obteve preciosas intercessões. Entretanto... A dívida permanece. O amor, contudo, transformou o caráter do trabalho de pagamento. O nosso amigo, ao voltar à Crosta, não precisará desencarnar em espetáculo sangrento, mas onde estiver, durante os tempos de cura completa, na carne que ele outrora menosprezou, carregará a própria ferida, conquistando, dia a dia, a necessária renovação. Experimentará desgostos, em virtude do sofrimento físico pertinaz, lutará incessantemente, desde a eclosão da úlcera até o dia do resgate final no aparelho fisiológico; entretanto, se souber manter-se fiel aos compromissos novos, terá atingido, mais tarde, a plena libertação. Enquanto fixava no projeto minha melhor atenção, Manassés continuava:
- Segundo observamos, a justiça se cumpre sempre, mas, logo que se disponha o Espírito a precisa transformação no Senhor, atenua-se o rigorismo do processo redentor. O próprio Pedro nos lembrou, há muitos séculos, que «o amor cobre a multidão dos pecados».
Examinei, impressionado, a planta educativa e. porque não encontrasse palavras bastante claras para pintar minha admiração, silenciei comovidamente.
Compreendendo-me o estado d’alma, o companheiro continuou:
- São inúmeros os projetos de corpos futuros em nossos setores de serviço. Depreende-se, da maioria deles, que todos os enfermos na carne são almas em trabalho da ingente conquista de si próprias. Ninguém trai a Vontade de Deus, nos processos evolutivos, sem graves tarefas de reparação, e todos os que tentam enganar a Natureza, quadro legítimo das leis divinas, acabam por enganar a si mesmos. A vida é uma sinfonia perfeita. Quando procuramos desafiná-la, no círculo das notas que devemos emitir para a sua máxima glorificação, somos compelidos a estacionar em pesado serviço de recomposição da harmonia quebrada. E, durante alguns dias, ali permaneci na instituição benemérita, compreendendo que a existência humana não é um ato acidental e que, no plano da ordem divina, a justiça exerce o seu ministério, todos os dias, obedecendo ao alto desígnio que manda ministrar os dons da vida «a cada um por suas obras»."


André Luiz
(Do livro "Missionários da Luz", cap. 12, Francisco Cândido Xavier, edição FEB)